Rio Grande do Sul

Memória

Legalidade: 60 anos atrás o povo resistiu a tentativa de golpe

Live “O movimento pela legalidade e sua atualidade” apresentou relatos de seis protagonistas desse momento histórico

Brasil de Fato | Porto Aegre |
O movimento pela legalidade teve amplo apoio da população gaúcha - Foto: Museu de Comunicação Hipólito José da Costa

Reviver um dos maiores momentos de resistência popular de nossa história recente foi o que proporcionou a apresentação da mesa de depoimentos apresentada pela TV Grabois na quarta-feira (25). “O movimento pela legalidade e sua atualidade” resgatou através de relatos de seis de seus protagonistas os momentos vividos pelos gaúchos e brasileiros há 60 anos com muita intensidade.

O então líder da bancada trabalhista na Câmara Federal, ex-deputado federal Almino Afonso, os jornalistas Carlos Bastos e Batista Filho, que cobriram os fatos de dentro do Palácio Piratini; o presidente da União Nacional de Estudantes naquele ano, o ex-deputado federal Aldo Arantes, um dos líderes do movimento estudantil gaúcho, o médico Bruno Costa e o filho do ex-presidente João Goulart fizeram relatos emocionantes de suas experiências daquele período.

Através de seus depoimentos os internautas puderam ver as articulações no Congresso Nacional e Brasília relatadas por Almino Afonso, desde o momento da renúncia de Jânio Quadros até a aprovação do projeto parlamentarista, catalisador do acordo que levou o vice-presidente Jango a tomar posse no dia 7 de setembro. O clima de agitação no Palácio Piratini e na Praça da Matriz durante aqueles dias e a resistência da população às ameaças de bombardeio foram contadas pelo jornalista Batista Filho.

Momentos de tensão

O jornalista Carlos Bastos, na época da Última Hora, lembrou com detalhes as mobilizações dos militares em torno da liderança de Leonel Brizola. Contou como, num primeiro momento, os tanques do Regimento da Serraria foram ao centro da cidade, tentando ameaçar o Palácio e a população que o cercava. E também a pressão dos generais de divisão que fizeram o comandante do III Exército (como se chamava a época o Comando Militar do Sul) general Machado Lopes aderir à causa da defesa da legalidade. Recordou ainda como se formou a rede de emissoras de rádio liderada pela rádio Guaíba. A adesão do governador Mauro Borges de Goiás e sua polícia militar ao movimento que foram decisivos para o desfecho da vitória popular, até o retorno de João Goulart da China para Porto Alegre e sua ida para Brasília numa tentativa de acalmar os ânimos.

A organização de batalhões de voluntários e de estudantes no local chamado de Mata-borrão, foi lembrada pelo médico Bruno Costa, que anos depois tornou-se preso político. “Nós nos reuníamos no restaurante Universitário na avenida Azenha e marchávamos até a praça da Matriz todas as tardes durante aqueles dias agitados”, recordou.

A transferência da sede da União Nacional de Estudantes (UNE) para a capital gaúcha e a participação e articulação da UNE, único setor do movimento popular com articulação nacional naquele momento histórico, foi descrita pelo ex-deputado federal Aldo Arantes. Ele também fez uma comparação com a conjuntura que vivemos na atualidade, ressaltando a importância da mobilização popular para a garantia da democracia.

E os motivos da viagem à China de João Goulart, lembrados por seu filho João Vicente, que foram o principal fator da revolta dos militares que o identificaram como militante do comunismo internacional fazendo alianças comerciais com a China.


Juliana Brizola lembra da resistência de seu avô / reprodução

Lembranças

A mesa de trabalhos foi aberta pelo coordenador da Fundação Maurício Grabois do Rio Grande do Sul, Raul Carrion, que apresentou a deputada estadual Juliana Brizola, neta do governador que liderou o movimento. Juliana falou sobre a figura de seu avô e o papel fundamental de sua avó Neusa Goulart Brizola, além de outras mulheres que tiveram participação na condução do movimento da legalidade.

Promotores

A mediação do painel foi feita pela vice-presidente nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Miquelina Vechio. E a promoção do evento foi das seguintes entidades além da Fundação Mauricio Grabois: Fundação Leonel Brizola - Alberto Pasqualini/PDT João Mangabeira/RS; Memorial do Legislativo do RS; Instituto Histórico Geográfico do Rio Grande do Sul; Associação Rio-Grandense de Imprensa; Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul; Sindicato dos Economistas do Rio Grande do Sul; Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil; Central Geral de Trabalhadores do Brasil; União Geral de Trabalhadores; Movimento dos Trabalhadores Sem Terra/RS; União Nacional de Estudantes; União Brasileira de Estudantes Secundaristas; União Estadual de Estudantes do Rio Grande do Sul e União Gaúcha de Estudantes Secundários.

A live está gravada na TV Grabois no Youtube e nos perfis de Facebook da Fundação Maurício Grabois, Rede Soberania, Brasil de Fato RS e o canal do Youtube da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

 
O MOVIMENTO PELA LEGALIDADE E A SUA ATUALIDADE

60 anos da "Legalidade": 1961-2021 Assista na próxima quarta-feira, 25 de Agosto, às 19h, o painel sobre os 60 anos do "Movimento pela legalidade", com depoimentos de João Vicente Goulart, Aldo Arantes, Bruno Costa, Carlos Bastos e Batista Filho, protagonistas dessa memorável resistência!

Posted by Brasil de Fato RS on Wednesday, August 25, 2021

 


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Edição: Katia Marko