Pernambuco

COVID-19

Pernambuco quer 3ª dose da vacina também para profissionais de saúde

Comitê de imunização contra covid-19 vai se reunir nesta quinta (26) para definir aplicação da terceira dose em idosos

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Cerca de 15 países já iniciaram ou já aprovaram a terceira dose para idosos, pessoas com comorbidades ou imunossuprimidos - Reprodução/Marco Zero Conteúdo

O Ministério da Saúde anunciou que, a partir do dia 15 de setembro, vai iniciar a aplicação da terceira dose em idosos de 70 anos para cima e em pessoas imunossuprimidas. O anúncio era esperado por conta de estudos que comprovam o declínio da eficácia de todas as vacinas com o passar do tempo e também da baixa eficácia da coronavac em idosos.

Para as pessoas imunossuprimidas, o intervalo mínimo entre a segunda e a terceira dose deve ser de, pelo menos, 28 dias. Para os idosos acima de 70 anos, a recomendação é de que tenham completado as duas doses há pelo menos seis meses.

A vacinação da terceira dose vai ser heteróloga, ou seja, os idosos e imunossuprimidos irão receber uma dose de um imunizante feito com uma tecnologia diferente daquela das duas primeiras doses. O MS recomenda a aplicação prioritária da vacina Pfizer, feita com a tecnologia de RNA mensageiro. É uma vacina que ainda não estava disponível no Brasil no início da vacinação dessa faixa etária, já que o governo Bolsonaro, deliberadamente, atrasou as negociações com a farmacêutica norte-americana.

Caso não haja disponibilidade da vacina Pfizer, o MS recomenda a terceira dose com vacinas de vetor viral, que são a AstraZeneca/Fiocruz e a Janssen. O pesquisador Rafael Dhalia, da Fiocruz-PE, diz que as pesquisas apontam para uma maior eficiência da dose heteróloga de reforço. “Uma vez que esta terceira dose, utilizando uma tecnologia diferente, é capaz de promover um estímulo diferente, e consequentemente maior, para o sistema imunológico. A combinação de diferentes antígenos, utilizando diferentes tecnologias, parece ser o caminho”, afirma.

Cerca de 15 países já iniciaram ou já aprovaram a terceira dose para idosos, pessoas com comorbidades ou imunossuprimidos. Dois países da América do Sul já iniciaram a aplicação da terceira dose. No Chile, os idosos estão recebendo reforço de uma dose da coronavac. No Uruguai, a terceira dose é com a vacina da Pfizer. Nos dois países, a terceira dose é voltada exclusivamente para quem tomou as duas primeiras doses de coronavac.

No Brasil, a terceira dose vale para esses dois públicos, sem distinção entre os tipos das vacinas usadas nas duas primeiras doses.

1,5 milhão tomarão 3ª dose em Pernambuco

Após o anúncio do Ministério da Saúde, o estado de São Paulo anunciou um antecipação da terceira dose a partir de 6 de setembro para idosos acima de 60 anos e imunosuprimidos. Ao contrário da recomendação do Ministério da Saúde, foi anunciado que será usada a vacina que estiver disponível, o que inclui a coronavac.

Em Pernambuco, o secretário estadual de saúde, André Longo, afirmou hoje que o comitê de imunização contra covid-19 vai se reunir nesta quinta-feira (26) para definir como vai ser a aplicação da terceira dose no estado. “Pernambuco vai fazer todo um trabalho para garantir que a vacinação da terceira dose dos idosos seja prioritária, assim que as doses sejam liberadas e distribuídas pelo Ministério da Saúde”, afirmou o secretário em coletiva de imprensa hoje, acrescentando que o estado deverá adotar o esquema heterólogo para a terceira dose.

De acordo com Longo, Pernambuco possui uma população de 1,2 milhão de pessoa acima de 60 anos e imunossuprimida. “Estudos mostram que essa vulnerabilidade começaria já aos 55 anos. Nós vamos ter que debater também isso”, disse o secretário, citando um estudo do InCor (Instituto do Coração) e da USP, ainda não revisado e feito apenas com pessoas que tomaram coronavac. O estudo tem uma amostram bem pequena: apenas 101 vacinados, dos quais só 42 tinham acima de 55 anos.

“Acho que será inevitável que toda a população tenha que tomar uma terceira dose. E é natural que isso se faça de forma decrescente por faixa etária e atendendo alguns públicos vulneráveis e de maior importância dentro do contexto pandêmico. É preciso lembrar também que os trabalhadores da saúde foram vacinados primeiro, lá em janeiro e fevereiro, e eles são muito importantes na linha de frente. Então a gente também vai ter que aguardar uma posição do Ministério da Saúde em relação a esses trabalhadores da saúde. Vamos cobrar a necessidade dos trabalhadores da saúde serem incluídos nessa primeira fase. Já passaram esses seis meses da vacinação”, disse o secretário.

De acordo com Longo, Pernambuco tem cerca de 300 mil trabalhadores da saúde.

Imunossuprimidos e idosos acima de 60 anos são 1,2 milhão de pessoas em Pernambuco. Crédito: Marcos Pastich/PCR

 

Menos tempo entre as doses

O Ministério da Saúde também anunciou a redução do intervalo entre as doses da Pfizer e Astrazeneca de 12 para oito semanas. De acordo com o Ministério, a previsão é que essa atualização também seja feita a partir da segunda quinzena de setembro.

De acordo com a pasta, a medida foi possível porque 77% da população alvo da campanha – acima de 18 anos – já recebeu pelo menos a primeira dose.


No Recife, o intervalo entre as duas doses da AstraZeneca já estava sendo adotado desde o começo de julho, quando havia disponibilidade da vacina na cidade. “Temos que acelerar a vacinação o máximo que pudermos. Estamos em um momento epidemiológico, com a delta e indicadores ainda altos, que devemos fazer várias ações. Além de diminuir o tempo entre as doses, é preciso resolver a iniquidade vacinal: temos o aplicativo Conecta Recife, que é excelente, mas ficamos preocupados hoje com as pessoas que não tiveram acesso ainda a marcação. Isso precisa ser resolvido”, diz o médico Eduardo Jorge, membro dos comitês de imunização contra o coronavírus de Pernambuco e do Recife.

A diminuição do tempo entre as doses não é um consenso entre os cientistas. As pesquisas têm mostrado que um maior tempo entre a primeira e a segunda dose melhoram a resposta imune dos vacinados. Ao mesmo tempo, indicam também que contra a variante delta só as duas doses das vacinas garantem maior eficiência contra o novo coronavírus.

Números da vacinação

O Brasil atingiu ontem a marca de 180 milhões de doses aplicadas das vacina contra a covid-19. Dessas, 123,2 milhões foram de primeira dose e 55,2 milhões foram de doses dois ou de imunizantes de dose única. Esses números correspondem a 77% do público alvo (cima de 18 anos) com pelo menos uma dose contra a covid-19, de acordo com Ministério da Saúde.

Em Pernambuco, 71,09% da população geral recebeu a primeira dose e 29,36% a segunda dose. Pouco mais de 2% da população recebeu a vacina Janssen, de dose única. Mais de 7,4 milhões de doses já foram aplicadas no estado.

De acordo com um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), no mês de julho, 58% dos registros de casos graves de covid-19 registrados em Pernambuco foram em pessoas não vacinadas e 31,6% em pacientes que tomaram apenas uma dose do imunizante.

A segunda dose é essencial para a eficiência das vacinas. De acordo com o ministério da Saúde, mais de 8,5 milhões de brasileiros não compareceram aos postos para tomar a segunda dose.