Vacinação

Brasil registra 1.148 mortes por covid-19 nas últimas 24h

A morte por covid do ator Tarcísio Meira nesta quinta-feira (12), aos 85 anos, reacendeu o debate – e as fake news

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Um dos pontos de preocupação das cepas mais agressivas é a resistência delas às vacinas. A variante delta derruba a eficácia das primeiras doses das vacinas - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) recebeu hoje (12) registros de mais 1.148 mortos por covid-19 em um período de 24 horas. Com o acréscimo, o país soma 566.896 vítimas do vírus. Em relação aos novos casos registrados no período, foram 39.928, totalizando 20.285.067 infectados oficialmente notificados desde o início da pandemia, em março de 2020.

Tarcísio Meira

A morte por covid do ator Tarcísio Meira nesta quinta-feira (12), aos 85 anos, reacendeu o debate – e as fake news – sobre a eficácia das vacinas. Ainda não se sabe se ele foi contaminado pela variante delta. Porém, o ator havia sido vacinado com duas doses, mas morreu de covid-19. Isso, entretanto, não significa que as vacinas sejam ineficazes.

Considerado um evento raro, a morte do ator serve para alertar para a necessidade de manter atenção constante às medidas de proteção e de combate ao vírus. As vacinas não têm o objetivo de impedir o contágio. Isso é função das máscaras, da higiene das mãos e do distanciamento social, evitando aglomerações, especialmente em lugares fechados. Nenhuma vacina, contra covid ou qualquer outra doença, tem eficácia de 100%.

Entre os negacionistas que rejeitam a vacinação, estimulados pela postura do presidente Jair Bolsonaro, sobraram críticas nas redes sociais. O alvo escolhido foi a CoronaVac, com a qual Tarcísio Meira foi vacinado. “Simplesmente sem palavras pra isso. A CoronaVac tem ajudado muito em reduzir os riscos. No entanto, especialmente em populações que por algum fator as tornam mais suscetíveis, os cuidados devem ser redobrados. E a transmissão deve ser sempre contida”, disse a neurocientista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Mellanie Fontes-Dutra.

Terceira dose da vacina

Os avanços conquistados até agora pela vacinação contra a covid no Brasil estão ameaçados pelo avanço de novas cepas do novo coronavírus no país, em especial a variante delta.

Este é o alerta que vem sendo diariamente renovado por epidemiologistas, que reforçam a necessidade de manter-se ao máximo as medidas individuais de proteção. Além disso, para reduzir os danos que a mutação pode causar, o Brasil deve começar a pensar em uma terceira dose de vacina, ao menos para os grupos considerados de risco.

Identificada pela primeira vez na Índia, a variante delta é até 70% mais contagiosa do que a cepa ainda dominante no Brasil, a gamma, ou P1. Porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a delta caminha para ser o principal agente transmissor da infecção no país. Por sua vez, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta mais uma vez que o avanço da delta provocará novo aumento de casos e mortes.

A epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel considera importante uma dose de reforço da imunização para idosos e imunossuprimidos. Mesmo com resultados positivos da vacinação na contenção da pandemia, estudos indicam a necessidade.

“O Brasil precisa discutir a terceira dose. Não é só de quem recebeu a Coronavac. Israel que usou vacina de RNA, já iniciou a D3. Os EUA devem aprovar para imunocomprometidos. Estamos em uma pandemia e aprendendo com o vírus. Monitoramento e mudança fazem parte do processo científico. Lembrando que não é só vacinação. Precisamos continuar com todas as estratégicas de controle da pandemia: máscara, distanciamento e higienização das mãos. Em uma pandemia, as medidas de controle são combinadas”, disse Ethel. Países como o Chile e o Uruguai, já programam uma nova etapa de vacinação de parte de sua população.

Variantes

Um dos pontos de preocupação das cepas mais agressivas é a resistência delas às vacinas. A variante delta derruba a eficácia das primeiras doses das vacinas. Estudos recentes apontam que outra variante, a lambda, identificada na Colômbia, também pode impactar na eficiência das vacinas. A cepa chegou no Brasil durante a Copa América, mas sua incidência no território nacional ainda é pouco relevante. Diante das ameaças, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, pede que os planos de imunização priorizem as segundas doses. Até o momento, duas doses de vacinas mostram grande eficácia no combate à covid-19.

“Do ponto de vista de combate à pandemia, o que seria mais produtivo é acelerar a segunda dose nos indivíduos acima de 18 anos, principalmente diminuir o intervalo entre as doses das vacinas que são usadas nesse momento”, afirma o cientista. “Assim, vamos estabelecer um patamar de vacinação completa e atingir mais rapidamente o status de imunidade coletiva. Isso, na minha opinião, é mais importante que ampliar apenas uma dose para outros públicos”, disse Covas.

O avanço da vacinação segue apresentando dados positivos no Brasil. O país tem 23,57% de imunizados com as duas doses de alguma das vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, ou com dose única da Janssen. Receberam uma primeira dose, 56,93%. A média móvel de mortes, calculada em sete dias, está no menor patamar desde o dia 8 de janeiro, em 884. Os casos também seguem mesmo padrão e estão em 32.211, menor número desde o dia 25 de novembro do ano passado. A ocupação das UTIs em todo o país estão no melhor cenário desde o início do ano.