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OLIMPIADAS

Para além das Olimpíadas, ONGs e atletas lutam pela presença de mais mulheres no esporte

Apesar de Tóquio ter o maior número de competidoras olímpicas, ainda existem muitas conquistas a serem alcançadas

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Segundo a pesquisa “A Prática de Esportes no Brasil”, realizada pelo Ministério dos Esportes, 34,8% das meninas abandonam as práticas aos 15 anos
Segundo a pesquisa “A Prática de Esportes no Brasil”, realizada pelo Ministério dos Esportes, 34,8% das meninas abandonam as práticas aos 15 anos - Roberto Castro / Brasil 2016

A Olimpíada de Tóquio já é considerada a edição com maior número de mulheres atletas da história do evento, representando 48,8% dos inscritos. Mas ainda assim, existe um longo caminho a ser percorrido para falarmos em equidade de gênero. 

“É um marco na nossa história, mas não deixa de ser um ato político dessas mulheres estarem conseguindo mostrar para todo o mundo que nós temos a mesma capacidade, mas não temos o mesmo investimento, nós não somos tratadas realmente em igualdade. Muitas mulheres chegam às Olimpíadas sem patrocínio com várias dificuldades, além do que os homens tem. Então, é um jeito de mostrar que, se se investe em igualdade, nós podemos ser grandes potências, tanto no esporte quanto em outras áreas”, aponta Jessyca Rodrigues, coordenadora do Instituto Esporte Mais, que trabalha incentivando meninas e mulheres no esporte.

Não só em Tóquio as mulheres têm mostrado superação, potência e habilidades, mas também no Brasil, através de projetos feitos por e para mulheres. O próprio Instituto Esporte Mais, que existe desde 2014, é um exemplo. Legado da Copa do Mundo no Brasil, a instituição atua em projetos que visam o empoderamento de meninas e mulheres através do esporte nas periferias de Fortaleza, no Ceará. 

“A gente encontra muitos obstáculos, mas sempre é preciso a gente acreditar naquilo que a gente faz, que é possível que o esporte transforme a vida dessas meninas, dessas mulheres, que elas podem sim chegar a ser atletas. Mas se elas não quiserem, pode ser jornalista, psicóloga, treinadora. Então, incentivar também os projetos de vida, porque um atleta não se forma sozinho, ele precisa de uma rede de apoio e ele pode se reconhecer nessas redes também.”, acredita a coordenadora do projeto.

Outra instituição que debate e incentiva o esporte voltada para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade no Rio de Janeiro é a ONG Empodera. Jane Moura, presidente da ONG, acredita que, mesmo com o número recorde de atletas mulheres em Tóquio, há outros pontos a observar. “Esses avanços na participação não são avanços que vem de uma participação isolada, mas são avanços que vem de lutas de décadas décadas e décadas das mulheres. Então essa transformação vem da presença das mulheres nesses espaços e quando a gente olha para um cenário mais de liderança, a gente ainda tem um caminho muito gigantesco para percorrer. Nas próprias Olimpíadas de Tóquio, bateu o recorde na participação de atletas mulheres, a gente tem quase 49% de atletas mulheres representando seus países; mas quando a gente olha para as treinadoras, elas representam ainda 10%”, analisa a presidente.

Mesmo com o incentivo dessas instituições, é mais difícil para as mulheres permanecerem no esporte. Segundo a pesquisa “A Prática de Esportes no Brasil”, realizada pelo Ministério dos Esportes, 34,8% das meninas abandonam as práticas aos 15 anos. Enquanto isso, entre os meninos, o percentual é de 19,3%. “Quando a gente olha para os desafios enfrentados pelas mulheres, eles são inúmeros, dentro do ambiente esportivo e fora também. Então, é importante ver o esforços dos comitês e das confederações para que esses desafios sejam superados e os impactos sejam minimizados também, para que de fato as mulheres consigam participar de maneira efetiva das olimpíadas, do espaço esportivo e também de outros espaços”, analisa Jana Moura.
 

Edição: Vanessa Gonzaga e Monyse Ravena