HISTÓRICO

USP concede título de doutor “honoris causa” póstumo a Luiz Gama

Proposta tinha sido apresentada pelo professor Dennis de Oliveira, do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Retrato de Luiz Gama com data estimada de 1880 - Autor desconhecido

A Universidade de São Paulo (USP) concedeu o título de doutor “honoris causa” póstumo ao abolicionista Luiz Gama. O intelectual é considerado um herói nacional por conta de seu ativismo em prol da causa abolicionista. O tipo de título é dado por universidades àqueles que se destacaram em sua área e ajudaram a cultura, a educação e a humanidade com seus trabalhos.

O Estatuto da Universidade diz que o título é concedido “a personalidades nacionais ou estrangeiras que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso das ciências, letras ou artes; e aos que tenham beneficiado de forma excepcional a humanidade, o País, ou prestado relevantes serviços à Universidade”.

Na última terça-feira (29), o Conselho Universitário aprovou o título por unanimidade. A homenagem é pela sua importância na História brasileira e sua personalidade intelectual. A proposta tinha sido apresentada pelo professor Dennis de Oliveira, do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA).

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De acordo com o professor, dar o título à Luiz Gama é “o mínimo” que poderia ter sido feito, pois “o reconhece como intelectual”. “Símbolo ele já é. Mas, que isso estimule as pessoas a estudarem a sua obra”, afirmou em entrevista ao Brasil de Fato.

Oliveira também diz que o caso deve servir de exemplo. “Luiz Gama expressa o que é a vida do homem negro e da mulher negra no Brasil. Isso não foi uma exceção na História brasileira”, explica.

Segundo ele, muitas pessoas tiveram e ainda têm seu ingresso na universidade interditado por conta da cor de pele. “Mesmo aqueles que conseguem, o caminho é muito complicado. A gente tem que aproveitar a história do Luiz Gama para denunciar o que é o racismo no Brasil, o que é o elitismo na universidade, no judiciário, no jornalismo, nas letras e nas artes”, diz.

Edição: Rebeca Cavalcante