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Programa Bem Viver aborda formas de reduzir violência doméstica contra criança

Estudos apontam que as agressões contra menores de 18 anos aumentaram consideravelmente durante a pandemia

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Uma das formas mais efetivas de exercitar disciplina nas crianças é inclui-las nos combinados familiares - Créditos da foto: Divulgação
Muitos pais reproduzem ciclos de violência vivenciados no passado

Implantar políticas efetivas de apoio financeiro e alimentar para famílias mais vulneráveis durante a pandemia do novo coronavírus ajudaria a reduzir os casos de violência física contra crianças e adolescentes, segundo a Rede Não Bata, Eduque, referência na proteção da infância. Estudos apontam que as agressões contra menores de 18 anos aumentaram consideravelmente durante o período de isolamento social.

“Historicamente, em emergência, como a pandemia, os índices de violência tentem a aumentar, inclusive contra crianças. Os dados do ano passado mostram esse aumento. A diminuição de renda, perda de emprego, falta de estrutura para estar com as crianças em casa e fechamento de temporário das redes de proteção contribuem para isso”, diz a coordenadora da iniciativa, Márcia Oliveira, em entrevista a edição de hoje (1) do Programa Bem Viver. “É preciso de políticas públicas que tragam apoio para essas famílias, como o auxílio emergencial e entrega de cestas básicas”.

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Na entrevista, Márcia defendeu que as famílias e a sociedade não podem normalizar a violência contra as crianças e adolescentes e lembrou que a Rende Não Bata, Eduque apoia famílias para buscar outras formas de educar. Uma das mais efetivas é incluir as crianças nos combinados familiares.

“As pessoas fazem equivocadamente uma relação entre uso da violência e o estabelecimento da limites, mas nenhuma pesquisa mostra a efetividade disso. Muitos reproduzem ciclos de violência vivenciados no passado”, afirmou. “Nosso papel é dizer que existem outras estratégias. Uma das melhores maneiras de ensinar disciplina é estabelecer uma rotina, com horário e lugar para dormir, comer, estudar e fazer as refeições, de uma forma natural e cotidiana.”

Insegurança alimentar

Ao menos 13% das pessoas que moram com crianças ou adolescentes disseram que elas já deixaram de comer durante a pandemia por falta de dinheiro. Nas casas com crianças brancas, a taxa ficou em 8%, contra 17% nas residências com crianças negras ou pardas. No total pelo menos 27 milhões de brasileiros com mais de 18 anos ficaram sem comer desde o início da pandemia.

Os dados foram lançados ontem (30) no relatório Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

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A pesquisa analisou também que tipo de alimento foi cortado nesse período: 41% das famílias entrevistadas diminuíram o consumo de frutas, verduras e outros alimentos não industrializados. Analisando exclusivamente a queda na renda das famílias, 56% dos entrevistados disseram ter sofrido uma redução na renda salarial desde o início da pandemia.

Entre os entrevistados que recebem até um salário mínimo, 80% tiveram redução na renda durante a pandemia. Este percentual ficou em 31% no grupo dos entrevistados que afirmaram ganhar mais de 10 salários mínimos.

Esse é o terceiro estudo que o Unicef divulga sobre os impactos da pandemia na população. O primeiro foi realizado em junho do ano passado e o segundo em novembro. Em cada pesquisa mais de 1.500 pessoas foram entrevistadas

Marco temporal

Os ministros do Supremo Tribunal Federal mais uma vez adiaram a votação da tese do marco temporal, que pode pôr em risco o futuro das Terras Indígenas no país. A tese, elaborada por representantes do agronegócio, propõe que só podem ser demarcadas terras onde, comprovadamente, havia ocupação indígena quando a Constituição Federal foi aprovada, em 1988.

Para representante do movimento indigenista, a proposta apaga a todo histórico dos povos originários brasileiros e desconsidera episódios de violência contra essas populações, que os forçaram a deixar suas terras antes de 1988.

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Mesmo com a urgência em avaliar a tese, o julgamento vem sendo sistematicamente adiado. Pela definição dos ministros, a pauta volta para votação apenas em agosto.

Povos indígenas têm protagonizado diversas manifestações pelo país durantes os dias que antecederam a data do julgamento. Ontem (30), ruas e rodovias foram ocupadas por diferentes etnias, em diferentes municípios do país, inclusive. Além disso, uma grande mobilização segue acampada há semanas no entorno da sede do supremo Tribunal Federal, em Brasília.

Cultura

Virou lei: a Paraíba reconheceu a obra de Antônio Barros e Cecéu como Patrimônio Cultural Imaterial do estado. A dupla se apresenta desde 1971, em uma parceria de vida e trabalho, que resultou em mais de 700 obras, interpretadas por diversos artistas brasileiros.

Estão nessa lista Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Dominguinhos, Gilberto Gil, Alcione, Genival Lacerda, Ivete Sangalo, Fagner, Gal Costa, além dos saudosos Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês.

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Natural do município de Queimadas, Antônio Barros começou a compor na década de 1950. Após se mudar para Campina Grande, 20 anos depois, ele conheceu Mary Maciel Ribeiro, a Cecéu. Juntos, se mudaram para o Rio de Janeiro e compuseram canções que fazem parte da nossa cultura musical e popular.

Entre as mais famosas estão clássicos como “Homem com H”, gravada por Ney Matogrosso e “Bate Coração”, famosa na voz de Elba Ramalho.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes