Rio de Janeiro

Coluna

Papo Esportivo | Por que gesto contra homofobia de jogador do Vasco repercutiu tanto?

Imagem de perfil do Colunistaesd

Ouça o áudio:

O domingo foi encerrado com o camisa 14 levantando a bandeira arco-íris depois de marcar o primeiro gol da vitória contra o Brusque - Rafael Ribeiro/Vasco
Vasco e Cano levantaram a bandeira que realmente importa: do respeito e do amor

Talvez nenhum gesto tenha sido mais grandioso do que o do argentino Germán Cano. O domingo (27), que já havia começado com mais uma resposta histórica do Vasco na publicação de um manifesto contra a homofobia e a transfobia, foi encerrado com o camisa 14 levantando a bandeira arco-íris depois de marcar o primeiro gol da vitória sobre o Brusque pela Série B.

Sim, amigos. Estou falando daquele mesmo Clube de Regatas Vasco da Gama que não tolerou o racismo no longínquo ano de 1923. 

O mesmo que pede que seus milhões de torcedores se transformem em agentes da mudança de mentalidade e de atitude no século XXI.

No último domingo, em um momento em que o país sofre os horrores do discurso de ódio camuflado por versículos da Bíblia, o Clube de Regatas Vasco da Gama e o atacante 

Germán Cano levantaram a bandeira que realmente importa e que merece ser tremulada. Falo da bandeira do respeito. Da bandeira do amor.

O gesto gigantesco do Vasco foi acompanhado por outros clubes. Flamengo, Fluminense, Corinthians, Santos e vários outros levaram o arco-íris nos seus uniformes nos jogos desse final de semana e usaram as suas redes sociais para conscientizar seus torcedores. 

Pela primeira vez na história vimos uma mobilização em torno de uma das bandeiras mais urgentes da nossa sociedade. A mensagem dos nossos clubes foi claríssima. 

Mas mudar de mentalidade não é fácil. Requer disciplina, firmeza e perseverança. 

E quando falamos de futebol, as coisas ficam ainda mais complicadas. O ambiente do nosso velho e rude esporte bretão é um dos mais nocivos e mais hostis de todo o mundo. E, como era de se esperar, algumas máscaras caíram. 

Desde jogadores que usaram versos bíblicos de maneira completamente deturpada (afinal, a ligação de Deus com o homem se dá unicamente pelo amor) até filho do presidente da República zombando de postagem de clube que não pedia nada além de empatia e respeito.

Mas o que esperar de quem desconhece o significado dessas palavras e de quem defende que nossos clubes não devem se meter com política? Aliás, é impressionante como o homofóbico, o machista, o racista ou o misógino caem na mesma palhaçada.

Com o devido respeito aos palhaços. Tudo é política. Até a omissão.

Ajudar quem é oprimido, lutar por justiça social e pela inclusão não devia ser uma "escolha difícil". Não existe neutralidade em assuntos como esse. O posicionamento do Vasco e o gesto de Germán Cano foram gigantescos. A bandeira do respeito, do amor e da diversidade precisa continuar tremulando.

Por fim, vale lembrar que homofobia é crime. E precisa ser denunciada e punida de acordo com o que manda a lei. Se os homofóbicos estão saindo dos esgotos, vão sentir no bolso e na ficha corrida. Disque 100 e saiba como se defender e como denunciar.

Edição: Mariana Pitasse