Ataque cibernético

Saúde diz que hacker apagou dados sobre reunião de ministros com filhos de Bolsonaro

Pasta afirma que invasão a sistema impede resposta sobre encontros com Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro

Brasília (DF) |

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O presidente Jair Bolsonaro com os filhos Flávio, Eduardo e Carlos em evento no Tribunal Superior Eleitoral - Roberto Jayme - Ascom/TSE

O Ministério da Saúde alega que um ataque hacker impede a pasta de fornecer informações sobre encontros ou reuniões dos filhos do presidente Jair Bolsonaro com os chefes da pasta durante a pandemia do novo coronavírus.

A alegação consta em resposta a pedido de acesso à informação feito em 13 de maio deste ano. A solicitação demanda da pasta todos os registros da presença e de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro na sede do ministério.

Em resposta enviada em 2 de junho, o ministério diz que a invasão afetou os sistemas de registro de informação: "Esta pasta informa que houve um ataque de hacker no início do presente ano. Diante disso, houve perda das informações solicitadas. As informações disponíveis disponíveis encontram-se no site do Ministério da Saúde", afirmou o Minsitério da Saúde.

Leia a íntegra do pedido de acesso à informação que motivou a resposta:

"Gostaria de saber o total de reuniões entre o ministro da Saúde e o presidente da República que contaram com a presença dos seguintes indivíduos entre janeiro de 2020 e abril de 2021: Carlos Nantes Bolsonaro, CPF 096.792.087-61 Eduardo Nantes Bolsonaro, CPF 106.553.657-70 e Flavio Nantes Bolsonaro, CPF 087.011.227-97 No detalhamento de informações, indicar as datas em que houve a participação dos senhores indicados. Indicar, também, o total de reuniões oficiais entre o presidente da República e o ministro da Saúde, com as respectivas datas".

O Brasil de Fato procurou a assessoria de comunicação do ministério para verificar os detalhes do ataque hacker e de seu impacto na sistematização de informações da agenda dos ministros. A reportagem também demandou da pasta informações relativas aos boletins de ocorrência registrados sobre o caso. Até a publicação desta reportagem não houve retorno.

A suposta invasão não foi especificada pelo ministério. Pela data, porém, é possível que a pasta esteja fazendo referência a ataque feito no início de fevereiro. Na ocasião, o Ministério da Saúde teve sua rede invadida.

De acordo com posicionamento da pasta na ocasião, o ataque não teve como objetivo vazar dados ou causar danos à plataforma. O invasor fez apenas um alerta em relação à vulnerabilidade: “Este site está um lixo!", escreveu.

"Qualquer criança consegue invadir este excremento digital, causar lentidão e até estragos maiores", escreveu o invasor. O hacker mandou também recados ao presidente da República: "Favor levar a sério os assuntos de segurança da informação. Bolsonaro !, dá um jeito aí ! (sic)".

O episódio ocorreu poucas semanas após a descoberta de uma falha de segurança no e-SUS que expôs os dados de mais de 200 milhões de brasileiros na internet.

Edição: Leandro Melito