Rio de Janeiro

13 de maio

No Rio, ato denuncia "falsa abolição" e pede o fim da violência policial nas favelas

Coalizão Negra Por Direitos, entidade composta por 200 organizações, realizou protestos em todo o país

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Manifestantes caminharam da Candelária até à Cinelândia, no centro do Rio, em defesa da vida do povo negro - Foto: @mtstrj

O 13 de maio foi lembrado com manifestações contra o racismo e o genocídio da população negra em todo o Brasil. No Rio, o ato, organizado pela Coalizão Negra Por Direitos, ocorreu na região central da cidade e reuniu parlamentares, familiares de vítimas da violência do Estado, representantes de entidades ligadas ao movimento negro e movimentos populares. 

A manifestação contou com depoimentos emocionados de mães que perderam os filhos para a violência policial. Entre as presentes estava Bruna Silva, mãe de Marcus Vinícius, morto durante uma operação policial no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, em 2018. Bruna ressaltou que precisou sair do luto à luta para preservar a memória do seu filho. “Para a polícia não bastou matar, teve que criminalizar a criança. Nossos filhos têm direito à vida. Meu filho me perguntou: 'Mãe, o que eu fiz para a polícia? Eles não viram a roupa da escola?'”, disse.

Já Jaqueline, do Complexo do Chapadão, na zona norte do Rio, lembrou do filho e pediu o fim da violência policial nas favelas. “Os policiais mataram meu filho pelas costas. Eu estou aqui pedindo que chega de violência e de matar. Eu estou cansada de ver mãe sofrendo essa violência”, ressaltou. 

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A deputada estadual Dani Monteiro (Psol) destacou a importância do ato ser realizado no dia 13 de maio. “Hoje é o dia da falsa abolição, da terra que libertou nossos corpos para serem escravizados pelo capitalismo. Nossa juventude está trabalhando em aplicativo, um tipo de escravidão moderna. Para nós, não há outro caminho que não seja a mobilização e a luta”, falou.

A deputada Renata Souza (Psol) fez uma fala crítica aos governos de Claudio Castro (PSC) e Bolsonaro (sem partido). A parlamentar atacou também a política de segurança pública vigente no estado do Rio.

"Temos uma política de segurança que aposta na morte, de um estado que está olhando a favela e periferia como corpos descartáveis. Fomos obrigados a estar nas ruas para dizer que vidas negras importam. Nossas dores não vão ser enterradas com esses governos genocidas de Bolsonaro e Cláudio Castro. O que está colocado para a gente é a defesa da vida contra a morte”, discursou. 

Ao longo da caminhada, os manifestantes empunhavam cartazes contra o racismo e a violência policial e gritavam palavras de ordem como "Chega de chacina, polícia assassina!”. 


Ato reuniu movimentos populares e parlamentares do estado do Rio / Foto: @mtstrj

Para Seimour Souza, membro da Coalizão Negra Por Direitos e também coordenador Lab Jac, o ato tem um caráter de denúncia, principalmente após a chacina na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, que matou 28 pessoas.

“Esse ato na verdade é uma denúncia contra a falsa abolição. O que aconteceu no Jacarezinho é um pouco da tática do modus operandi do Estado brasileiro contra corpos negros em especial, 133 anos depois do movimento negro brasileiro sair pelas ruas denunciando o falso centenário da abolição e a gente está aqui de novo denunciando que existe uma abolição inconclusa. Exigimos uma resposta do Estado brasileiro para o que aconteceu no Jacarezinho, mas para o que tem acontecido cotidianamente contra a vida de pessoas negras nesse país. Exigimos uma reparação histórica”, afirmou ao Brasil de Fato
 

Edição: Eduardo Miranda