Paraná

Solidariedade

1° de maio em Curitiba é marcado por doação de alimentos e gás

Um mutirão para o plantio de 12.600 mudas também marcou a inauguração da Agrofloresta Papa Francisco, no Sabará

Curitiba (PR) |
Pelo menos 10.600 mudas de legumes, verduras e temperos, além de 200 mudas de árvores frutíferas e nativas foram plantadas em agrofloresta inaugurada no local - Giorgia Prates

No Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, 560 famílias do Sabará, região Sul de Curitiba, receberam alimentos e 100 cargas de gás em ação de solidariedade. As entregas ocorreram no Centro de Integração Social Divina Misericórdia (CISDIMI), ao longo de toda a manhã de sábado (1).

Com o nome “plantar solidariedade para defender a vida”, a atividade reuniu doações de alimentos in natura vindos de comunidades da Reforma Agrária, e de cestas doadas individualmente e por entidades sociais, sindicais e religiosas. Os diferentes segmentos da classe trabalhadora e da sociedade se uniram em solidariedade a quem mais precisa de ajuda neste período de pandemia da Covid-19, com altos índices de desemprego e fome.  


560 famílias do Sabará receberam alimentos e cargas de gás / Giorgia Prates

Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo Metropolitano de Curitiba, participou da benção dos alimentos e da inauguração da Agrofloresta. O líder religioso enfatizou a relevância da ação solidária coletiva em tempos de desemprego em níveis até então não vistos. "Uma experiência como esta, em dias assim, tem um caráter profético. Isto é, sem elevar a voz, interpela quem quiser e quem tem boa vontade, a perceber que é possível suscitar esperanças", disse.

Franciele Machado, moradora da região que buscou sua cesta básica, fala sobre a importância da ação neste momento: "Está bem difícil para todo mundo aqui. Não têm emprego, estamos todos precisando e isso ajuda muito. Essa união é muito importante para todos nós".

Agrofloresta Papa Francisco

Cerca de 50 pessoas também participaram do mutirão para a construção da Agrofloresta Papa Francisco, no mesmo local, inaugurada na manhã de sábado. A maior parte do grupo integra o coletivo Marmitas da Terra e a Escola Latino Americana de Agroecologia, do Assentamento Contestado, da Lapa. Pelo menos 10.600 mudas de legumes, verduras e temperos, além de 200 mudas de árvores frutíferas e nativas foram plantadas em três mil metros de área. 


Mutirão para a construção da Agrofloresta Papa Francisco / Giorgia Prates

Segundo Irmã Anete Giovani, gestora do Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM) - mantenedora do CISDIMI -, a concretização da agrofloresta é a realização de um sonho cultivado há 15 anos. “Queremos resgatar com as crianças, os adolescentes e idosos o amor pelo planeta e a valorização da vida. Para nós, é realmente a concretização de um sonho. É muito importante porque a gente sente que daqui brota muita vida, muita partilha,  muita solidariedade, muito cuidado; a cultura do cuidado", afirmou.

“Por ‘ouvir o clamor da terra e o clamor dos povos’, cuidamos da casa comum”, diz a frase gravada na placa de inauguração da Agrofloresta Papa Francisco, em referência à Carta Encíclica sobre o cuidado da casa comum, de 24 de maio de 2015.


Pelo menos 10.600 mudas de legumes, verduras e temperos, além de 200 mudas de árvores frutíferas e nativas foram plantadas / Giorgia Prates

Famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) doaram cerca de seis toneladas de alimentos, como parte da campanha nacional de solidariedade com quem enfrenta a fome neste momento de pandemia. Os alimentos partilhados vieram dos acampamentos Emiliano Zapata, de Ponta Grossa; Maria Rosa do Contestado, de Castro; Reduto de Caraguatá, de Paula Freitas; José Lutzenberger, de Antonina; e assentamento Contestado, da Lapa.

Para Roberto Baggio, integrante da direção estadual do Movimento, o mundo atravessa uma crise estrutural, que revela o “adoecimento do sistema”. Mas propõe a união como forma de resistir: “É um tempo de buscar a vida. Talvez a principal tarefa desse tempo seja deixar o sistema perverso de ganâncias e de exploração passar e nós vamos erguer, com solidariedade, um outro tipo de sociedade. Para isso, é preciso atitude pessoal e coletiva. Essa ação de hoje é uma luz de esperança neste tempo de crise. Estamos repartindo o alimento que é fruto da terra e do trabalho de milhares de famílias do campo e da cidade".


"Essa ação de hoje é uma luz de esperança", diz dirigente do MST / Joka Madruga

“O que a gente viu hoje foi a comunhão entre as pessoas, o compartilhamento, um dia também de protestos. O povo quer vacina, quer trabalho, quer renda básica. Por isso a nossa solidariedade é também em tom de protesto”, afirmou Alex Guilherme, presidente do Sindipetro PR e SC, uma das entidades realizadoras da ação.

Participaram da atividade o desembargador Fernando Prazeres, a desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima, e a juíza Fabiane Pieruttin, ambos membros da comissão de conflitos fundiários do TJ-PR. Parlamentares e integrantes de entidades sindicais e sociais também participaram da atividade.

As entidades que promoveram a ação foram o Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM) – mantenedora do CISDIMI; MST; Sindicatos dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (PR/SC); Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato/Núcleos Curitiba Norte e Sul); Partido dos Trabalhadores do Paraná (PT); Coletivo Marmitas da Terra; Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR); Comissão da Dimensão Social da Arquidiocese de Curitiba e Produtos da Terra.

Edição: Lia Bianchini