Rio Grande do Sul

Saúde Pública

Capital terá acompanhamento das políticas de AIDS, hepatites, tuberculose e DSTs

Frente Parlamentar vai acompanhar as políticas públicas voltadas para o combate a essas doenças em Porto Alegre

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Frente Parlamentar irá acompanhar os serviços de atendimento às populações portadoras de infecções virais, como tuberculoses, hepatites e doenças sexualmente transmissíveis - Reprodução

Porto Alegre agora conta com uma Frente Parlamentar de Políticas de Enfrentamento a HIV, Aids, Hepatites Virais, outras ISTs e Tuberculose na Câmara de Vereadores da cidade. A Frente foi proposta pelos vereadores Aldacir Oliboni (PT), Leonel Radde (PT), Daiana Santos (PCdoB) e Pedro Ruas (PSOL).

Ruas, inclusive, enquanto deputado estadual, conduziu uma comissão especial na Assembleia Legislativa, conseguindo aprovar a Lei 15023/2017, que instituiu a campanha "Dezembro Vermelho", voltada à conscientização sobre o tema.

O lançamento da Frente realizado de forma virtual, nas redes sociais dos vereadores, na noite de segunda-feira (22). Na oportunidade, foram apresentados diversos dados sobre a situação das políticas de enfrentamento a essas doenças.

Para exemplificar a situação, com dados, participou Eveline Rodrigues, enfermeira e assessora técnica de tuberculose e hepatites virais da Secretaria Municipal de Saúde da Capital. Ela demonstrou que a pandemia fez diminuir em um quarto o número de novos diagnósticos de tuberculoses, bem como reduziu também em quase um terço a quantidade de testes rápidos de HIV para pessoas com tuberculoses. Avaliações e contatos com os usuários do sistema de tratamento às tuberculoses também diminuíram para pouco menos da metade, comprovando que a pandemia dificultou o acesso a esses serviços de saúde.

Além disso, temos um momento em que trabalhadores da saúde estão deslocados para o cuidado com a pandemia da covid-19, o que impede buscas ativas de novos casos dessas doenças infecciosas, bem como também dificulta a busca dos casos que abandonam tratamentos. 

O que dizem os vereadores da Frente Parlamentar

O vereador Oliboni abriu a sessão, e afirmou que a criação da Frente é um compromisso de criação de mecanismos de proteção da vida das pessoas portadoras dessas doenças. Afirma ainda que o momento de pandemia exige maior cuidado do poder público, ao combate às doenças como tuberculose e do vírus HIV. 

"Nós percebemos que, ao longo de alguns governos, essa pauta não foi priorizada, ao contrário, temos dados importantes que comprovam o aumento do número de casos, em Porto Alegre e no RS", afirmou Oliboni.

Lembra também que um dos objetivos de uma frente parlamentar é oferecer um espaço de discussão com o governo, visto que, muitas vezes, essa comunicação não acontece. "Com essa Frente, podemos ter um calendário de reuniões e discussões, para propor pautas, com um grupo de trabalho coordenando as agendas", concluiu.

A vereadora Daiana Santos prosseguiu, dando importância ao cuidado, que é necessário, para uma população que vem sendo negligenciada, ainda mais no pior momento da pandemia até então. Afirmou também que se sente lisonjeada de participar desta Frente por ser sanitarista, trabalhar com a saúde pública e ter o SUS como uma bandeira de luta.

"Agora como vereadora, posso propor o tensionamento deste debate também em outras instâncias. No tempo em que trabalhei como educadora popular, principalmente com a população em situação de rua, tivemos grandes entraves em torno do cuidado com essa população, que há muito tempo sofre com a distância dos espaços de cuidado", relembrou Daiana.

Afirma também que agora irá trazer toda sua experiência enquanto trabalhadora da saúde pública e educadora social para debater o tema, juntamento com seus colegas vereadores que farão parte da Frente e que reconhecem a importância do tema.

Também parte da comissão, Leonel Radde saudou a existência do espaço.

"Embora esta Frente não tenha o poder de uma Comissão, de deliberar ações dentro do legislativo, ela tem muita relevância. Termos esta Frente, com estas pessoas, apresenta muitas possibilidades de ação", prosseguiu Radde.

Afirmou também que o Brasil já tem muitos problemas de saúde endêmicos, em um momento em que o RS e Porto Alegre parecem ser o epicentro da pandemia. Lembrou também do fato de Porto Alegre ter índices elevados de população infectada por doenças virais, como tuberculose e doenças sexualmente transmissíveis, conectando o fato da Capital ter se tornado um local de grande circulação da covid-19, o que indica que o poder público não está cumprindo suas obrigações com a saúde.

Pedro Ruas saudou os participantes da Frente, bem como outros participantes da live que são militantes da causa há muitos anos. Reiterou também a fala anterior, concordando que Porto Alegre vive um momento singular na sua história, no mau sentido.

"Temos um prefeito que é negacionista. Nos últimos dias pudemos perceber diversos confrontos entre o Melo e o [Eduardo] Leite, com o prefeito se posicionando a favor da abertura do comércio e combatendo o isolamento social. Ele assumiu a pauta e o pensamento bolsonarista, passou a ser um representante do presidente em Porto Alegre, é uma situação dramática para os que vivem aqui."

Reitera também que vê, com muita tristeza, a cidade, que já deu ótimos exemplos para o país, hoje ser um péssimo exemplo. Além disso, lembra que o fato da oposição ser minoria na Câmara não impede que esses parlamentares apresentem projetos e façam o enfrentamento, e que espera que essa Frente possa ser um "sopro de vida" no dia a dia político da Capital.

Confira a live de lançamento completa


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Edição: Marcelo Ferreira