Rio Grande do Sul

Mobilização

Motoristas de aplicativos realizam mobilização por melhor remuneração no RS

Secretária do Sindicato dos Motoristas de Aplicativos do RS relata as difíceis condições que a categoria enfrenta

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Categoria dos motoristas de aplicativos está pressionada pelos aumentos de combustíveis e pela falta de reajustes por partes das empresas - Carol Teixeira

Os motoristas de aplicativos do RS e de diversas cidades do Brasil realizaram manifestações e paralisações, nesta quarta-feira (17), devido às crescentes dificuldades impostas à categoria no último período. Os trabalhadores cobram reajuste no valor do quilômetro rodado e o fim das promoções, em que são prejudicados.

Segundo Carina Trindade, Secretaria Geral do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo do RS (Simtrapli–RS), o estopim da mobilização se deu, em nível nacional, a partir do sexto aumento do preço dos combustíveis somente em 2021. “Já fizemos uma paralisação e está é a segunda, pois não está tendo como trabalhar, com tantos aumentos.”

Trindade explica que o aumento dos preços dos combustíveis foi mais um fator na equação que está tornando o trabalho dos motoristas de aplicativo extenuante. “No RS, a primeira empresa de aplicativos que se instalou, em Porto Alegre, foi a Uber, desde então diversas outras vieram também. Com isso, começou a baixar o preço do quilômetro rodado, e agora, com os aumentos dos combustíveis, ficou uma situação insustentável.”

Ela explica que as plataformas, ao invés de aumentar o valor repassado para os motoristas, manteve os valores, mesmo com a inflação da cesta básica e dos combustíveis. Como a primeira mobilização não surtiu efeito, a segunda busca chamar a atenção das empresas que gerenciam as plataformas.

“É inviável que a gente pague quase R$ 6,00 a gasolina ou quase R$ 4,00 o metro cúbico do gás, sem que haja um aumento por parte das empresas”, protesta Carina.

A Secretária do Simtrapli lembra ainda que a criação de promoções, por parte das empresas, sacrificou ainda mais os motoristas. Essas promoções diminuem o valor repassado ao motorista. “A gente pede também o fim do Uber Promo e do 99 Poupa. Sei que essas promoções ajudam muita gente, mas pra nós é muito ruim, a empresa deveria tirar da porcentagem dela, esse valor segue sempre o mesmo. Fazer um desconto pro passageiro em cima do valor do motorista é inviável. Já temos o custo do veículo, da gasolina, do óleo, que temos que trocar todo mês, pneus e nossa alimentação.”

Nessa situação, os motoristas acabam tendo que trabalhar 12, 14 e até 16 horas por dia para poder pagar as contas. Com as promoções, em alguns casos, os motoristas acabam tendo prejuízo em certas corridas, tendo que pagar para levar passageiros. Somada essa situação, ainda a pandemia espalha medo na categoria.

Pandemia é mais um ingrediente que se soma

Carina lembra que os motoristas, ao trabalharem, estão colocando suas vidas em risco durante a pandemia. Segundo ela, a categoria está muito assustada, trabalhando em um cenário de aumento de contaminações e mortes.

Carina, que também é motorista de aplicativo, não participou da mobilização, pois está infectada pelo coronavírus. Sentindo os efeitos da doença, ela desenvolveu um quadro de pneumonia, e, obviamente, não pode trabalhar. Ela compartilha o receio com seus colegas, que recebem a noticia do adoecimento e morte de diversos motoristas.

"Estamos trabalhando com um sentimento de perda, temos o medo de pegar essa doença a qualquer momento, sem ter a escolha de poder parar de trabalhar. Quando pega, tem que parar", afirma.

Ainda lembra que a 99 disponibiliza o serviço "Compartilha", que coloca outras pessoas dentro do mesmo carro, aumentando o risco de infecção.

Organização da categoria pode ser a saída para uma melhor condição

A secretária do Sindicato acredita que é o momento de se organizar enquanto categoria, mesmo que existam dificuldades e descrença. Marcada para acontecer nas capitais Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, havia a expectativa de ocorrerem manifestações semelhantes em diversas cidades do RS.

Na conversa com Carina, ela contou ter recebido a confirmação de que havia ocorrido paralisação em Florianópolis, Caxias do Sul e Santa Maria.

Sobre a necessidade de organização da categoria, afirma: “Infelizmente, tem um pessoal que não quer saber de sindicato ou de associação, mas tudo bem, mesmo assim, esse povo tem que estar organizado, de alguma forma. O Simtrapli já existe há algum tempo e estava parado, agora estamos nos reorganizando, com uma turma mais experiente e com o apoio da CUT. Sem organização a gente não chega a lugar nenhum”.


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Edição: Marcelo Ferreira