Rio Grande do Sul

Protesto

Sem reajuste salarial há seis anos, educadores do RS realizam Natal de Luta 

Em frente ao Palácio Piratini, nesta quarta-feira (22), manifestantes reivindicaram direitos e valorização da categoria

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Para a categoria, 2020 consolidou a retirada de direitos solapados pelas reformas do governo de Eduarodo Leite (PSDB) - Caco Argemi/CPERS

Com cartazes, lousas, e faixas, o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS Sindicato) realizou, nesta terça-feira (22), um ato em frente ao Palácio Piratini para denunciar os seis anos sem aumento salarial e a difícil situação enfrentada por professores e funcionários expostos ao contágio com as escolas abertas durante a pandemia do novo coronavírus. Denominado “Natal de Luta”, ato aludiu a ceia magra que a categoria terá em 2020 por conta dos salários corroídos pela inflação, a desvalorização, a sobrecarga dos educadores. 

De acordo com o Sindicato, a passagem de 2020 consolidou a retirada de direitos solapados pelas reformas do governo de Eduardo Leite (PDSB). O ano teve confisco de salários dos aposentados(as), redução do adicional de Difícil Acesso e o fim de vantagens temporais, entre outros ataques, denunciam os educadores.

“É um Natal triste, mas de luta. Neste fim de semana, um desembargador, do alto de sua torre de marfim, que tem todos os benefícios em dia, cassou a liminar do 13º. O Judiciário não tem a mínima empatia com os servidores do Executivo e fecha os olhos para a realidade da classe trabalhadora”, destacou a presidenta do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.

Ainda, conforme denunciou a entidade, o Executivo se aproveitou da pandemia para fazer avançar a mercantilização do ensino e a terceirização, impor jornadas extenuantes sem oferecer condições mínimas de trabalho remoto, extinguir centenas de turmas de educação de jovens e adultos (EJA), reduzir turnos e fechar escolas. Também destacou o risco imposto aos educadores em relação à abertura de escolas em bandeira vermelha e também a recusa a realizar testes e fiscalizar o cumprimento de protocolos.

Além da direção central do Sindicato, participaram do ato representantes dos núcleos de Porto Alegre, Estrela, Santa Rosa, Caxias do Sul, Frederico Westphalen, Bento Gonçalves, Pelotas, Santiago e Cachoeira do Sul.

“Estamos aqui na miséria, denunciando este governo que prometeu mundos e fundos e hoje obriga os funcionários a fazer plantão nas escolas, arriscando pegar covid e sob ameaça de demissão para os contratados que adoecerem. É um governador que não tem um pingo de humanidade”, desabafou Ana Paula Fonseca, funcionária de escola de Pelotas. Ela também enfatizou a situação enfrentada pelos professores sem treinamento para atuar no ensino remoto e os inúmeros estudantes que não tiveram acesso às aulas por falta de conexão com internet: “Esse presente de Natal não queremos, queremos dignidade e respeito.”

A diretora do núcleo de Bento Gonçalves, Juçara de Fátima Borges, criticou a decisão da Justiça que impediu os funcionários públicos com dívidas de realizarem o empréstimo junto ao Banrisul para receber o 13º salário integral. “A vida dos professores importa. Nosso presente de Natal é mostrar pro governador o nosso terror. O problema não é caixa, é gestão. São tempos de terror. O governador disse em campanha que tinha dinheiro, só faltava gestão e fluxo de caixa. E agora, o que falta?”, questionou.

Por sua vez a professora aposentada Maria Cleni, diretora do núcleo de Frederico Westphalen, pontuou que a categoria nunca passou por “tanta miséria” como atualmente. “Como aposentada, nunca passei tanta dificuldade como agora, nosso salário há seis anos sem reajuste, e ainda aumentaram o desconto do IPE”, destacou.

Nos dias 28 e 29, com a possibilidade de votação da PEC do Teto de Gastos, que congela investimentos e, consequentemente, os salários da categoria por mais 10 anos, o CPERS afirma que voltará à Praça da Matriz caso haja convocação extraordinária dos deputados.

*Com informações do CPERS e Sul 21


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Edição: Marcelo Ferreira