Rio de Janeiro

VOLTOU ATRÁS

Secretaria desiste de nomear PM processado por arrastar mulher em viatura policial

Capitão Rodrigo Medeiros Boaventura foi nomeado como superintendente de Combate aos Crimes Ambientais do governo do RJ

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Claudia foi baleada e teve o corpo arrastado por 350 metros por uma viatura da PM - Foto: divulgação

A Secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) do Rio de Janeiro voltou atrás e desistiu de nomear o capitão Rodrigo Medeiros Boaventura como superintendente de Combate aos Crimes Ambientais. Boaventura é um dos policiais envolvidos no caso Claudia Silva Ferreira, arrastada por 350 metros por uma viatura da Polícia Militar em março de 2014.

A nomeação havia sido publicada na última terça-feira (17) e gerou repercussão nas redes sociais. A informação sobre a ida de Boaventura para o governo estadual foi antecipada pela colunista Berenice Seara, do jornal Extra.

Leia mais: Mais da metade das mulheres mortas pelas polícias entre 2005 e 2015 eram negras

Boaventura era tenente quando Claudia foi morta e arrastada pela Estrada Intendente Magalhães, na zona norte da cidade. Ele comandou a patrulha que realizou a operação no Morro da Congonha, em Madureira, no dia do homicídio. O capitão chegou a permanecer algumas semanas preso pelo crime, mas nunca foi punido administrativamente pela Polícia Militar.

O policial responde na justiça pela morte de Claudia juntamente com mais cinco policiais militares. Segundo reportagem do jornal O Globo, em julho deste ano Rodrigo Medeiros Boaventura estava lotado no 41º BPM (Irajá), desempenhando funções na área correcional. Ele foi nomeado como encarregado de diversos Inquéritos Policiais Militares (IPMs) que apuram homicídios cometidos por agentes na região.

O jornal Extra procurou ontem a Seas para questionar a nomeação. A Secretaria se limitou a responder que "Rodrigo Boaventura responde a processo e não existe nenhuma condenação".

A deputada Renata Souza (Psol), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), se manifestou sobre o caso ao Brasil de Fato.

Leia também: Bancada progressista da Alerj derruba projeto conservador sobre política de drogas

"É um absurdo que um agente público envolvido na morte de uma pessoa seja beneficiado com qualquer tipo de promoção. Ainda mais em casos que desafiam a humanidade, como ter o corpo de Claudia Ferreira, uma mulher negra pobre, arrastado pela viatura de policiais que deveriam protegê-la", disse.

Caso Claudia

Claudia foi baleada durante um tiroteio entre policiais e traficantes no Morro da Congonha, enquanto caminhava para comprar alimentos para os seus quatro filhos. Os policiais alegaram que ela ainda estava com vida e foi resgatada por um carro da PM que a levaria para o hospital.

No trajeto, o porta-malas abriu e o corpo de Claudia ficou pendurado e foi arrastado por 350 metros pela Estrada Intendente Magalhães. A cena chocante foi filmada por um cinegrafista amador. Posteriormente, o laudo da perícia constatou que a morte de Claudia foi ocasionada por um tiro que atingiu o coração e o pulmão.
 

Edição: Jaqueline Deister