Processo

Defensor de impeachment de Dilma, Witzel (RJ) muda de ideia e reclama de julgamento

Tribunal Misto que julga governador afastado reduziu salário e deu 10 dias para desocupação do Palácio Laranjeiras

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
"Nem mesmo Jesus Cristo teve um julgamento justo", afirmou o governador afastado, horas antes de mais uma derrota no processo de impeachment
"Nem mesmo Jesus Cristo teve um julgamento justo", afirmou o governador afastado, horas antes de mais uma derrota no processo de impeachment - Fernando Frazão/Agência Brasil

Eleito em 2018 na onda bolsonarista, o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse na última quinta-feira (5) que é vítima de "bolsonaristas extremistas" e que "nem mesmo Jesus Cristo teve um julgamento justo".

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A declaração veio após o Tribunal Especial Misto, formado por deputados do Rio de Janeiro e desembargadores do Tribunal de Justiça, decidir por dar prosseguimento ao processo de impeachment contra o governador afastado. O tribunal ainda reduziu o salário do ex-governador e deu o prazo de 10 dias para desocupação do Palácio Laranjeiras.

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"Enfrento mais esse capítulo com a consciência tranquila. Trata-se de um processo político para me desgastar, especialmente pela esquerda e por bolsonaristas extremistas, mas tenho confiança de que deputados e desembargadores farão um julgamento justo para o bem da democracia", disse Witzel, nas redes sociais, pouco antes do resultado desfavorável a ele.

No início de 2019, ao comentar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em entrevista à rádio CBN, Witzel havia dito que "nunca houve golpe no Brasil", nem mesmo na ditadura militar. Já na última quinta (5), o governador afastado afirmou que o recurso do impeachment tem sido usado na política para "afastar aqueles que não conseguem derrotar nas urnas".

"Nem mesmo Jesus Cristo teve um julgamento justo, mas cumpriu seu propósito. Não tenho dúvida de que a verdade prevalecerá. Infelizmente, a política tem usado o processo penal e o impeachment para afastar aqueles que não conseguem derrotar nas urnas", escreveu, acrescentando que busca forças para população fluminense "para enfrentar o linchamento moral e político ao qual estou sendo submetido".

Entenda o processo

O governador Wilson Witzel foi afastado do cargo em agosto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suspeitas de integrar uma organização criminosa que desviou na Secretaria estadual de Saúde recursos que seriam destinados para a compra de respiradores no combate à pandemia da covid-19.

Em junho, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), em outra frente, autorizou a abertura de processo de impeachment contra o governador. Depois de quase quatro meses tramitando na Casa Legislativa, os parlamentares aprovaram por unanimidade o relatório que recomendou o prosseguimento da denúncia e a consequente perda do cargo de governador de estado.  

Agora, o processo contra Witzel está em sua última etapa, nas mãos do Tribunal Especial Misto, no Tribunal de Justiça. Na última quinta (5), o presidente do TJRJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares, disse que o prazo final do rito, previsto para janeiro de 2021, pode atrasar se a defesa do governador afastado conseguir um recurso que pede a produção de provas periciais no âmbito no Tribunal Misto.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda