Minas Gerais

MORADIA

Ato contra despejo em Vespasiano termina com violência da PM e vereadora é detida

Realizada nesta sexta (16) a ação defende 400 famílias ameaçadas pela Cemig. Vereadora Bella Gonçalves (Psol) foi detida

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Manifestação Nova Pampulha
Manifestação aconteceu na tarde desta sexta (16) contra o despejo de 400 famílias do bairro Nova Pampulha - Créditos da foto: Bárbara Lopes

Cerca de 150 pessoas, entre idosos, adolescentes e crianças, realizaram uma manifestação, na tarde desta sexta (16), contra o despejo de 400 famílias do bairro Nova Pampulha, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Infelizmente, o ato terminou com violência policial e a detenção de quatro pessoas, dentre elas a vereadora Bella Gonçalves (Psol).

A ação, que foi realizada em Belo Horizonte, em frente à sede da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que é a responsável pela desapropriação, foi pacífica e, segundo a cuidadora de idosos Shirley Pereira Fonseca teve a intenção de pressionar a empresa para que houvesse uma reunião com um representante.

“Eles estão chegando e colocando todo mundo pra rua, sem diálogo e sem acordo. Já chegam com liminar de lacrar a casa, com polícia, oficial de Justiça, e a pessoa tem que sair, sem ter lugar para onde ir”, comenta.

Eles estão chegando e colocando todo mundo pra rua, sem diálogo e sem acordo

No entanto, Shirley conta que, em determinado momento da ação, um carro avançou sobre os manifestantes que estavam na rua. Nesse momento, a Polícia Militar (PM), que acompanhava a ação, reagiu atirando gás de pimenta sobre as pessoas, atingindo idosos e crianças. Na confusão, Shirley também ficou ferida. “Tenho uma lesão no braço, um hematoma. Mas, o pior é o emocional, muita gente ficou abalada”, conta.

A deputada estadual Andreia de Jesus (PSOL) esteve presente na ação e denunciou nas redes sociais que a presença da PM teria deixado motoristas mais violentos contra os manifestantes. “Mais uma vez vemos como o governo Zema trata a população. Não garante o direito à moradia e sua polícia é truculenta quando o povo se manifesta”, criticou.

Três manifestantes foram detidos, além da motorista do carro. A vereadora Bella Gonçalves acompanhou os manifestantes à delegacia, onde acabou sendo detida enquanto mediava a situação. Uma "mulher que passava mal por ter sido atingida não conseguiu se identificar no momento e foi conduzida injustamente para a viatura. Bella Gonçalves acompanhou a senhora e na tentativa de mediar a situação de violação de direitos humanos e abuso de autoridade, acabou detida", afirma nota da sua assessoria. A vereadora está acompanhada de advogados.

Entenda o caso

Segundo Shirley, a Cemig alega que as famílias devem ser retiradas do local por estarem assentadas embaixo de uma rede de alta tensão. A moradora conta que o conflito dura aproximadamente dois anos e que, recentemente, 10 famílias já foram retiradas à força e outras estão com ordem de demolição das casas.

No local, há famílias que moram há 20 anos e, segundo Shirley, no ano passado, a Cemig realizou um cadastramento para trocar lâmpadas das residências do bairro, como uma ação para reduzir custos de energia. “A Cemig não tinha dado de ninguém. Eles usaram de má fé com os moradores, ofereceram as lâmpadas econômicas de graça, chuveiro, geladeira. Com isso, eles pegaram os dados de cada casa que foram usados no processo contra a gente”, aponta.

A reportagem aguarda retorno da Cemig.

Nota da vereadora Bella Gonçalves na íntegra:

"Na tarde de hoje, a vereadora Bella Gonçalves foi detida exercendo suas prerrogativas de vereadora, mediando uma situação de violação de direitos humanos e direito à manifestação.

O caso começou na tarde de hoje, em uma manifestação organizada pelos moradores da Vila Beija Flores, na divisa de BH com Vespasiano. As mais de 450 famílias que estão ameaçadas de despejo moram no local há 25 anos, em uma área que estava ociosa próxima a uma torre de transmissão da CEMIG.

A vereadora Bella Gonçalves e a deputada Andreia de Jesus acompanharam o ato. No início da manifestação, uma senhora avançou com o seu carro de forma violenta em cima dos moradores, que tentaram impedir o atropelamento. Apesar disso, uma mulher foi atingida. Na tentativa de dispersar a manifestação, a Polícia Militar usou spray de pimenta e deu voz de prisão para alguns manifestantes. A mulher que passava mal por ter sido atingida não conseguiu se identificar no momento e foi conduzida injustamente para a viatura. Bella Gonçalves acompanhou a senhora e na tentativa de mediar a situação de violação de direitos humanos e abuso de autoridade, acabou detida.

Bella está acompanhada de advogados. A equipe aguarda maiores informações sobre a situação."


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Edição: Elis Almeida