Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2020

Alvorada: A Cidade que Queremos conversa com Stela Farias e Tiano Caduri

Série de entrevistas com candidatos progressistas a prefeituras do RS inicia com candidatura que reúne PT, PDT e PCdoB

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Confira os principais temas debatidos e assista à entrevista completa - Arte sobre foto do jornal O Alvoradense

Com a aproximação das eleições municipais de 2020, a Rede Soberania e o Brasil de Fato RS iniciam uma série de entrevistas sobre A Cidade que Queremos. O ciclo de vídeos conversa com candidatos do campo popular de Porto Alegre, região Metropolitana e interior do estado para debater suas propostas.

A primeira edição da série, conversou com a candidatura de Alvorada que reuniu o maior número de partidos progressistas, a Unidade Trabalhista e Popular, que reuniu PT, PDT e PCdoB. Confira as principais propostas apresentadas pela candidata a prefeita, Stela Farias (PT) e a vice-prefeito, Tiano Caduri (PDT).

O município tem uma população estimada em 211 mil habitantes, sendo cerca de 130 mil eleitores. Como somente cidades com mais de 200 mil eleitores terão segundo turno, o resultado final sai após o primeiro turno, em 15 de novembro.

Com o término das convenções partidárias no município que faz divisa com a Capital, o cenário da disputa à prefeitura firma-se com seis opções. Os candidatos são Douglas Martello (DEM), José Arno Appolo do Amaral (MDB), Juliano Marinho (PSD), Junior Caminhoneiro (PSOL), Stela Farias (PT) e Valmor de Freitas (Cidadania).

Duas coligações são de candidatos do campo progressista: Unidade Trabalhista e Popular (PT, PDT e PCdoB) e Um Novo Horizonte (PSol e PCB). Quatro são do espectro à direita: Alvorada Não Pode Parar (MDB, PL, PP, PTB E Solidariedade), Alvorada Novo Rumo (DEM, Republicanos e Avante), Cidadania (candidatura única) e Uma Nova História Para Alvorada (PSD, PSL, PV, PSB, Podemos e PSDB).

Confira a entrevista com Stela Farias e Tiano Caduri:

Geração de renda

Stela Farias: Temos três eixos, cuidar das pessoas, cuidar da cidade e cuidar da economia. Temos que conseguir alternativas reais e econômicas através da possibilidade de ocupação das pessoas. Na minha opinião vamos encontrar uma cidade com muita gente passando fome, a ideia de trabalhar com o tema da soberania alimentar em um programa sério e articulado com educação, com assistência, com o próprio desenvolvimento econômico da cidade.

A gente pensa em buscar parcerias na perspectiva de programas de trabalho para produção de alimentos, estamos estudando experiências em outras cidades. Coisas que dialoguem com a modernidade. Retomar projetos com incubadoras, startups, tecnologia mais de ponta, é uma possibilidade real. O Instituto Federal foi uma conquista nossa, do povo alvoradense junto com os governos Lula e Dilma, e é parceiro importante da cidade, é muito necessário oportunizar nossa juventude para que possa desenvolver projetos. Vamos entrar janeiro buscando recursos para ter, por exemplo, um bom programa de microcrédito para estimular pequenos negócios.

Podemos ter uma política de economia solidária de geração de renda. Dificilmente a gente vai ter aquele trabalho formal onde o cidadão entra às 8h numa fábrica ou empresa e solta às 5h da tarde. Muitos trabalham em várias atividades para compor uma renda, uma realidade não só pela falta de política do governo federal, mas também pelas políticas nefastas que têm destruído direitos trabalhistas.

Agora com a pandemia, vamos ter um aumento muito grande do desemprego e recessão, então o município precisa pensar em alternativas reais e concretas. Desde coisas simples como chamar a meninada e transformar o composto em adubo, daqui um pouco em fertilizante que pode ser vendido e dali sai uma pequena associação ou cooperativa. Até coisas mais arrojadas como pensar parcerias de empresas de alta tecnologia. Queremos e estamos estudando a possibilidade de constituir uma empresa pública municipal, talvez até com parceria público-privada que ingresse com recursos econômicos para a gente poder produzir tecnologia limpa na cidade, que seja através do mundo virtual, da interconexão de tudo o que é público.

Tiano Caduri: Nós temos em Alvorada um governo que prefere fazer asfalto na véspera da eleição do que cuidar das necessidades para a sobrevivência da nossa gente. Alvorada precisa de um projeto que recoloque as pessoas no centro, um governo movido pela empatia, com lideranças que implementem políticas públicas que induzam geração de renda. Temos trabalhado muito a questão das cooperativas, da economia solidária, uma perspectiva muito real do futuro daquilo que queremos oferecer para essa cidade.

A Stela já governou a cidade por duas vezes e não é à toa que ela é lembrada como a melhor prefeita de todos os tempos de Alvorada. Quando governou tratou de cuidar das pessoas a garantir políticas públicas para ter acesso a seus direitos mais básicos: saúde, educação, segurança. Poder sair na rua, pegar ônibus e ir para seu trabalho, ou procurar trabalho, sem ter que ensacar o pé para passar no barro, nossa população depende em sua grande maioria de políticas públicas para garantir seus direitos mais básicos.

Diálogo com a comunidade

Stela: Não vamos fazer só da nossa cabeça. Assim que estivermos eleitos, vamos sentar com a cidade e construir com ela, assim como a gente já fez. As coisas são possíveis de acontecer, quando mais a gente houve a população, mais a gente acerta. Até agora a gente já fez mais de 40 plenárias virtuais, temáticas e regionais. Ouvimos nove regiões do Orçamento Participativo, nossos candidatos a vereadores e vereadoras… fomos acumulando e hoje estamos preparados.

O instrumento do Orçamento Participativo é pedagógico, educativo. O trabalho de ouvir a população e exercitar democracia participativa é trabalhoso, tem que ter muita disposição. Quanto tu usas instrumento de diálogo e é transparente, mostra a realidade, a população vem junto e a gente vai melhorando a vida da população.

Tiano: Não somos os donos da verdade, nosso discurso é a prática, é construir sempre o nosso programa de governo de maneira participativa. Na pandemia, não abrimos mão desse debate com diversas lives e debates, bairro por bairro da cidade, para construir nosso programa.

Queremos desenvolver um aplicativo em que o cidadão possa participar de forma digital. Vamos ter plenárias híbridas ou virtuais e vamos retomar nosso jeito de governar, construindo com as pessoas. Levar a estrutura do gabinete da prefeita e do vice numa comunidade com seus secretários, levando serviços para as pessoas, uma vez por semana. Estabelecer pontos em que pessoas possam solicitar serviços, acessar na sua região sem precisar ir até a sede central.

Segurança pública

Stela: A situação é grave em Alvorada, se trata de disputar a juventude com o tráfico. O poder público é absolutamente necessário que se envolva, a educação, todas as áreas, de forma que se possa fazer a disputa desse jovem, que muitas vezes não está na escola. Tem a meninada com 15 anos que fica reprovando e vai para o EJA noturno e fica um peixe fora d’água. Todo um drama que precisa ser resolvido. Nós queremos abrir turmas de EJA diurna, que a gurizada possa estudar de dia, possa concluir sua formação do Ensino Fundamental e Médio. Quanto mais puder, temos que garantir quem tem que estudar e preparar minimamente para um ofício para oferecer à cidade.

Tiano: Vamos construir um programa em que a gestão municipal assuma o protagonismo na questão da violência. A cidade é estigmatizada pela violência, somos a 11ª cidade em população no Rio Grande do Sul, mas o penúltimo PIB per capita do estado, temos um IDH muito baixo. Essas coisas todas se refletem nos índices de violência que lamentavelmente nos colocam hoje como a sexta cidade mais violenta do Brasil.

Estamos preparados para liderar programa que possa agir em todas as pontas. Primeiro com a prefeita assumindo a liderança de um comitê permanente que reúna forças de segurança e garanta integração da Guarda Municipal, Polícia Civil, Brigada Militar, Ministério Público, Poder Judiciário, Conselho Tutelar, todas as estruturas que se envolvem nesse projeto, para debater dados conjuntamente. Outro comitê permanente para tratar de ações preventivas, que reúna todas as entidades da sociedade civil, igrejas, terreiros, templos, entidades de bairro, entidades comunitárias, que reúna secretarias de governo, da Educação, Saúde, Assistência, para tratar de políticas de prevenção à violência.

Cultura e educação

Stela: A temática da cultura tem sido debatida fortemente, assim como a educação, que vão ter que andar de mãos dadas.

Tiano: A escola de tempo integral é uma bandeira histórica do nosso partido, do saudoso Leonel Brizola. Temos um grande índice de evasão escolar intimamente ligado aos altos índices de violência.

Transporte público

Stela: O transporte coletivo é um dos grandes desafios, hoje virou problema mundial, muito a partir da falta de políticas. O transporte coletivo deveria ser subsidiado pelo governo federal. Essa precisa ser uma luta inclusive dos partidos de esquerda.

Temos pensado muito em possibilidades, ainda embrionárias, haverá nova licitação para o transporte municipal no próximo ano. Somos servidos por duas empresas. É bem verdade que essas empresas que sempre ganharam muito, hoje estão afetadas pelo advento dos aplicativos. Taxistas também estão quebrados. E os aplicativos, a uberização, surgiram por quê? Tudo isso faz parte do mesmo contexto.

Como Alvorada vai resolver? Temos que ter alternativas para qualificar o transporte coletivo municipal, desde ter cartão próprio que possa ser usado dentro de táxis, ônibus e apps. Temos pensado em apps municipais, possibilidade na licitação de fazer outro modelo, para outro tipo de transporte, estamos tateando porque este é um dos temas mais desafiadores e não podemos ser irresponsáveis de trazer expectativa de ter solução.

A atual empresa está em situação falimentar. Com anuência do atual prefeito, praticamente encerrou 40% das linhas municipais. Pessoas voltaram a ter que caminhar até 5k para tomar um ônibus, cadeirantes têm que se deslocar quilômetros para pegar um ônibus. Muitos têm que pegar a linha metropolitana para poder chegar ao centro, a situação é caótica, gravíssima, e estamos estudando tudo com muita responsabilidade.

Tiano: Aquilo que projetamos para um futuro próximo é rediscutir não só o transporte coletivo, mas um plano de mobilidade que deixe de atender o interesse de determinadas pessoas ou setores e passe a fluir a favor da cidade. Isso induz desenvolvimento. No transporte, voltar a garantir transporte de qualidade e com preço justo.

Assista a entrevista completa na Rede Soberania

Próximas entrevistas confirmadas

Dia 22/9 - às 18h - Novo Hamburgo - Tarcísio Zimmermann (PT) e Carla Atkinson (PCdoB)

Dia 24/9 - 20h - Porto Alegre - Fernanda Melchionna (PSol) e Márcio Chagas (PSol)

Dia 6/10 - às 18h - São Leopoldo - Ary Vanazzi (PT) e Ary Moura(PDT)

Dia 8/10 - às 18h - Porto Alegre - Manuela D'Ávila (PCdoB) e Miguel Rossetto (PT)

Dia 15/10 - às 18h - Porto Alegre - Juliana Brizola (PDT) e Maria Luiza Loose (PSB)

Edição: Katia Marko