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Pernambuco tem crescimento de novos casos e queda das mortes ao nível de abril

Estado voltou a registrar mais de 7 mil casos na semana, 1.100 a mais que na semana anterior; festas estão no horizonte

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Mortes por covid-19 na última semana foi equivalente à sexta semana da pandemia no estado. - Andréa Rêgo Barros/Prefeitura do Recife

Na semana que foi do dia 31 de agosto a 6 de setembro os números da disseminação do novo coronavírus mantém o ritmo de queda no número de mortes por covid-19 em Pernambuco. Já o número de diagnósticos de novos casos voltou a subir, retornando à faixa dos sete mil casos semanais. O Governo do Estado também passou a permitir eventos corporativos com até 100 pessoas e estabeleceu regras (mas ainda não datas) para retomada de festas e shows, também com público limitado. Os secretários de saúde também chamaram atenção para a queda nas vacinações de crianças e o surgimento de casos de doença grave associada ao coronavírus em crianças.

A semana encerrada no domingo (6) é a 36ª semana de pandemia no Brasil e a 26ª semana com o vírus circulando em Pernambuco. Foram diagnosticados no estado novos 7.058 casos, um aumento de 1.104 casos em comparação com a semana anterior e 128 novas mortes (menos 56 mortes em relação à semana anterior) e 9.093 pessoas se recuperaram da doença. Assim, o estado somou até o domingo 132.152 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Destas, um total de 7.702 morreram por consequência da doença (letalidade de 5,8%), outras 114 mil 952 (87%) já estão recuperadas, enquanto 9.498 (7,2%) seguem com o vírus ativo no corpo, em tratamento doméstico ou hospitalar. Pernambuco tem, com o vírus ativo, 1.796 pessoas a menos que na semana anterior.


Total de casos, recuperados e mortes por covid-19 em Pernambuco (até 6 de setembro) / Brasil de Fato Pernambuco

Esta foi a quarta semana consecutiva de queda no número de mortes no estado, reforçando uma tendência iniciada ainda no fim de maio e que alcança, agora, o patamar de mortes da 6ª semana epidemiológica no estado (16ª no Brasil). Naquela semana, entre os dias 13 e 19 de abril, há cinco meses, foram registradas mortes de 131 pernambucanos motivadas pela covid-19. Naquele dia 19 o estado contabilizava um total de 2.459 infectados, 216 mortes e apenas 96 infectados. Os mais de sete mil novos casos reforçam que Pernambuco não está conseguindo baixar o patamar de contágios para uma média inferior aos seis mil casos semanais. Nas últimas 15 semanas, em apenas três o estado registrou menos de 6 mil casos.


Novas mortes por covid-19 registradas a cada semana em Pernambuco (até 6 de setembro) / Brasil de Fato Pernambuco


Novos casos e mortes por covid-19 registradas a cada semana em Pernambuco (até 6 de setembro) / Brasil de Fato Pernambuco

Como a doença tem ciclo de duas a três semanas, as pessoas que buscam diagnóstico são, em sua maioria, as que estão com sintomas, o que significa que o contágio ocorreu há pelo menos uma semana. Assim, entende-se que o número de novos casos diz mais sobre o comportamento social das duas semanas anteriores do que sobre a semana em curso.

Com mais de sete mil casos, Pernambuco responde por 3,2% dos casos do Brasil. Já foram diagnosticados positivamente para covid-19 cerca de 1,4% da população do estado. Considerando uma subnotificação de seis vezes, é possível que 8,3% (ou 792 mil pernambucanos) tenham tido contato com o novo coronavírus.

Reabertura

A região metropolitana do Recife e a Zona da Mata permanecem na “etapa 8” do cronograma de retomada, com permissão para os serviços de escritório funcionarem com 100% da capacidade. Os museus e espaços de exposição também já têm permissão para reabrir, mas a maioria ainda não reabriu por não haver ainda se adequado aos protocolos sanitários.

Na região Agreste, Garanhuns avança para a “etapa 7”, a mesma em que se encontram Caruaru e demais municípios da região. Nesta etapa os shoppings, bares, restaurantes e lanchonetes têm permissão para funcionar até as 22h. No Sertão apenas Petrolina avançou para esta etapa.


Etapas 6 e 7 do Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a covid-19 / Governo de Pernambuco


Etapas 8, 9 e 10 do Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a covid-19 / Governo de Pernambuco

Nas demais regiões do sertão se encontram na “etapa 6”: Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, Salgueiro e outros municípios permanecem nesta etapa, enquanto o Sertão do Araripe (região de Ouricuri) salta da “etapa 4” para a 6, em que voltam a funcionar os escritórios (mas com apenas 50% dos trabalhadores); os serviços de venda, locação e vistoria automotiva (100%) e academias de ginástica.

As práticas de esportes coletivos só estão liberadas para atletas federados. As escolinhas e a prática esportiva para lazer, as famosas “peladas”, ainda não estão liberadas.

Eventos, festas e shows

O Governo do Estado anunciou a permissão para a retomada, permitida desde a segunda (7), dos eventos corporativos, mas com o máximo 30% da capacidade do estabelecimento e teto de 100 pessoas. Na “etapa 9” serão permitidos eventos sociais e culturais (festas, shows), mas com a mesma limitação na quantidade de pessoas. Na “etapa 10” esse limite de pessoas será elevado para 50% da capacidade do estabelecimento, desde que não exceda as 300 pessoas.

Aulas

Desde a terça (8) já está permitida a volta das aulas presenciais no ensino superior, mas com 25% da capacidade. Esse número de estudantes permitidos vai aumentando ao longo das semanas: 50% a partir do dia 14; 75% a partir do dia 21; e 100% no dia 28. A permissão é válida para região metropolitana, Zona da Mata e Agreste. No Sertão apenas Petrolina e região estão inclusas nesta permissão. Ainda não há previsão para a volta das aulas do ensino básico em instituições públicas ou privadas.


Mapa de Pernambuco de acordo com as etapas do Plano de Convivência (atualizado em 3 de setembro) / Governo de Pernambuco


Vacinas em Pernambuco

O secretário estadual de Saúde, André Longo, se queixou da queda no número de pais e responsáveis que têm levado suas crianças para serem vacinadas. Segundo o secretário, o número tem caído nos últimos anos em todo o país. “Isso é extremamente preocupante. Pela primeira vez em 20 anos o Brasil não conseguiu atingir a meta para nenhuma das vacinas indicadas para crianças de até um ano de idade. Em 2019, nessa faixa etária, aqui em Pernambuco só conseguimos atingir a meta para as vacinas tríplice viral e BCG”, disse Longo. O calendário de vacinação brasileiro engloba 15 vacinas para crianças até os 10 anos de idade.

O secretário aponta que a pandemia do novo coronavírus piorou a situação. “Esse quadro [de não-vacinação] tende a piorar os índices. Neste ano de 2020, até agora, a nossa melhor cobertura é a da 1ª dose da vacina tríplice viral [dada em bebês de 1 ano] e só alcançamos 60% do público-alvo”, anunciou o secretário. “Os pais, responsáveis e toda a sociedade devem ter o compromisso de levar todas as crianças, com seus cartões de vacina, aos postos de vacinação que estão abertos e adotando todos os cuidados sanitários para proteger as crianças”, pede André Longo, que aponta as vacinas como uma das grandes aliadas da saúde na extinção de doenças do passado. “As vacinas evitam mortes de 1,5 milhão de crianças no mundo todos os anos”, diz ele.

O secretário, como de costume, voltou a reclamar da população que tem insistido em não usar máscaras. “A população precisa ser consciente. Sem essa consciência, podemos ver a volta dos indicadores negativos, o que pode obrigar as autoridades a dar passos para trás [no cronograma de reabertura], como já precisamos fazer em algumas regiões do interior. O lazer é importante, mas é preciso manter o mínimo de compromisso com tudo o que estamos vivendo. O mínimo é usar a máscara”, pediu.

Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P)

O secretário de saúde do Recife, Jaílson Correia, chamou atenção para o aparecimento de casos da “síndrome inflamatória multissistêmica” (SIM-P) em crianças. A síndrome tem início poucos dias ou semanas após a infecção pelo novo coronavírus, mesmo em casos leves ou assintomáticos da covid-19. “Precisamos estar atentos ao surgimento de febre acima de 38 ºC por três ou mais dias, acompanhada de outros sintomas, como pequenas hemorragias, alteração do nível de consciência, convulsões, às vezes cansaço, coração acelerado, manchas na pele. Caso haja alguns desses sintomas, procurem os serviços de saúde para que possamos investigar. Isso serve para qualquer criança ou adolescente, mas especialmente para aquelas que apresentam alguma comorbidade”, apelou Jaílson Correia. Outros possíveis sintomas são: dores abdominais, vômitos, diarreia, dor de cabeça, convulsão, delírios e falta de ar.

As doenças ocorrem especialmente as crianças que apresentam comorbidades, doenças neurológicas, respiratórias e as crianças que precisam tomar medicamentos regulares. “Essa síndrome multissistêmica ocorre não em bebês, mas em crianças em idade escolar. É uma doença potencialmente grave. Dos três casos no Recife, uma veio a falecer”, informa o secretário. “É preciso ter atenção redobrada para aquelas crianças que apresentam comorbidades, aquelas que têm problemas neurológicos ou respiratórios crônicos, problemas relacionados a qualquer doença que leve a uso necessário de medicações que diminuam a imunidade da criança, como a medicação para asma grave e câncer”, alerta Correia. Pernambuco já registrou 16 casos, sendo 14 crianças pernambucanas, uma do Piauí e outra de Alagoas (mas que estão sendo atendidas em Pernambuco). Uma criança faleceu.

Edição: Monyse Ravena