Rio de Janeiro

Racismo

Músico negro da Orquestra da Grota é preso; colegas garantem engano e pedem justiça

Registros em vídeo mostram que o jovem estava trabalhando, em Niterói (RJ), no momento do crime pelo qual é acusado

Brasil de Fato | Niterói (RJ) |
Luiz Carlos da Costa Justino é violoncelista e integra o projeto Orquestra de Cordas da Grota desde os sete anos de idade - Foto: Mariana Gama

Na última quarta-feira (2), Luiz Carlos da Costa Justino, um jovem negro integrante do projeto Orquestra de Cordas da Grota, no município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foi preso sob a acusação de um roubo à mão armada ocorrido em 2017 no município.

Moradores da comunidade da Grota, zona sul da cidade, e professores do projeto social que o rapaz faz parte afirmam que a prisão do violoncelista foi um engano e pedem justiça. Registros em vídeo confirmam a defesa feita por colegas de Luiz.

O jovem de 23 anos foi abordado, por volta das 19h30, da última quarta-feira (2) por policiais do Niterói Presente após terminar uma apresentação musical nas Barcas, no centro do município. Quando os agentes puxaram a ficha do músico viram que tinha um mandado de prisão de 2017 que o acusava de assalto. De acordo com o despacho que consta no processo, o crime teria ocorrido às 8h30, no bairro Vila Progresso, no dia cinco de novembro de 2017. O reconhecimento feito pela vítima teria ocorrido a partir de uma fotografia.

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Segundo Alexandra Oliveira, professora da Orquestra de Cordas da Grota, projeto que surgiu na década de 1980 para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social na comunidade da Grota, há imagens que provam que o violoncelista estava trabalhando padaria Le Dépanneur, no bairro de Piratininga, no momento do crime.

“Temos informações de que ele tinha um contrato com uma padaria e tocava todo domingo no mesmo horário que está a possível situação pela qual ele foi preso. A data do ocorrido foi cinco de novembro de 2017 e nesta mesma data achamos um vídeo dessa padaria dizendo que ele estava lá às 8h da manhã para se apresentar”, detalha.

Luiz integra o projeto desde os sete anos de idade e participa atualmente  da orquestra principal que é formada por professores e membros da instituição. O jovem permanece preso e foi transferido para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. Um advogado já acompanha o caso e trabalha para a liberação de Luiz.

Edição: Mariana Pitasse