Rio de Janeiro

MOBILIZAÇÃO

Fora Bolsonaro: Protesto no Rio relembra os quase 100 mil mortos pela covid no país

Cem cruzes brancas colocadas no Aterro do Flamengo; também foram distribuídas 300 refeições para trabalhadores cariocas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Luto e Luta
Cem cruzes homenagearam as quase 100 mil vítimas da covid-19 em todo o país - Rebeca Belchior

Cem cruzes brancas colocadas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (7), lembraram as mortes pela covid-19 que devem chegar a 100 mil neste fim de semana. Em todo o Brasil, o "Dia de Luta e de Luto" denunciou o governo do presidente Jair Bolsonaro, que nos últimos meses deu declarações que menosprezam a doença.

No início da tarde, a marcha, organizada pela Campanha de Solidariedade e do "Fora, Bolsonaro", das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, partiu do Boulevard Olímpico, na Praça Mauá, e percorreu os dois quilômetros da Avenida Rio Branco, no centro do Rio, até o Aterro do Flamengo. Lá, os  manifestantes fizeram um ato performático lembrando as vítimas da pandemia.

"Temos nomes, somos mais que um relatório diário que se escreve sobre as mortes. Somos mais que uma lágrima que escorre, somos mais que notícia no jornal, nós sangramos. Somos mais que estatística que se conta, somos gente. Mais que números, mais que cifras, somos trajetórias interrompidas, mas que serão lembradas porque transformamos o luto em luta", disse Luana Carvalho, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Virginia Berriel, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) lembrou também as quase 700 mortes de povos indígenas no Brasil. Na última quarta-feira (5), o Supremo Tribunal Federal (STF) precisou intervir para obrigar Bolsonaro a apresentar planos para a retirada de ocupantes ilegais de territórios indígenas e criar barreiras sanitárias que impeçam o acesso de pessoas estranhas às aldeias.

"Já são quase 700 índigenas mortos entre as quase 100 mil vítimas no país. Este governo não só não enfrenta a pandemia. Ele é um governo genocida e faz tudo isso de forma proposital. Ele disse ontem: 'Vamos chegar a 100 mil, mas vamos tocar a vida'. Mas as nossas vidas não são qualquer coisa, por isso somos contra esse governo fascista e autoritário. Queremos Bolsonaro fora da Presidência da República", clamou a dirigente da CUT.

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Ato também lembrou os 700 índigenas mortos entre as quase 100 mil vítimas no país/ Rebeca Belchior

A união das esquerdas também foi lembrada como necessária para enfrentar a política bolsonarista. Giovanna Almeida, da Frente Povo Sem Medo, disse que os partidos de esquerda e os movimentos populares devem estar unidos porque são eles que estão "fazendo o possível e o impossível pelas pessoas nas ruas, e não Bolsonaro".

"É importante ter conseguido realizar essa movimentação contra o governo genocida de Bolsonaro, um governo que é contra a juventude, contra os trabalhadores. Esse ato é um gesto simbólico do que a esquerda precisa realizar nesse país porque Bolsonaro não está preocupado com o povo, o mesmo povo que gera a riqueza desse país a partir do trabalho. O cenário deveria ter sido outro, com um governo comprometido com as nossas vidas", disse.

Marmita solidária

Como parte do "Dia de Luta e de Luto", movimentos populares também promoveram nesta sexta (7) a quinta edição do Marmita Solidária no Rio. Durante o dia, foram distribuídas 300 refeições, água e frutas no Armazém do Campo RJ, na região central da cidade. As quentinhas entregues para a população em situação de rua e trabalhadores informais são preparadas com alimentos agroecológicos plantados por produtores da agricultura familiar e nos assentamentos organizados pelo MST. 

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Além do MST, também constroem a iniciativa do Marmita Solidária o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Articulação de Agroecológica do Rio de Janeiro (AARJ), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), União da Juventude Socialista (UJS), Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Sindicato dos trabalhadores do Comércio do Rio de Janeiro e a Frente Brasil Popular (FBP).

Edição: Mariana Pitasse