Patrimônio

Processo de tombamento do Terreiro Gomeia avança em Duque de Caxias, no Rio

Inepac realizou vistoria técnica no terreno onde funcionou a Casa espiritual de Joãozinho da Gomeia de 1951 até 1971

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Os descendentes da Gomeia reivindicam a preservação do patrimônio histórico e religioso do terreiro - Foto: Niara Aureliano

Nesta sexta-feira (31) ocorreu a primeira vistoria do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) para finalizar o processo de tombamento do terreno do Terreiro da Gomeia, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A visita técnica acontece quatro dias após pressão popular obrigar a Prefeitura do município a recuar na decisão de construir uma creche no local. 

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Arquitetos, representantes da Prefeitura e a Comissão de Preservação e Tombamento da Memória Gomeia, que reúne descendentes espirituais do sacerdote Joãozinho da Gomeia (Tata Londirá) e sacerdotes do candomblé, acompanharam a vistoria que deu andamento ao estudo arquitetônico. A etapa é um passo importante para o processo de tombamento do terreno.

De acordo com Lêmba Dyala, que coordena a Comissão de Preservação e Tombamento da Memória Gomeia e acompanhou a vistoria, a previsão é que em um mês a etapa de estudo arquitetônico esteja concluída. 

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"Os arquitetos fizeram o reconhecimento do espaço, tentaram localizar os espaços sagrados com a planta do terreiro. Em duas semanas deve estar pronto o esboço e há o prazo de um mês para o estudo arquitetônico ser concluído. Estamos muitos felizes. Conversamos também com a comunidade do bairro, que estava querendo saber o que seria feito ali e eles ficaram contentes com a ideia do centro cultural de referência da cultura negra", relatou. 

Os descendentes da Gomeia reivindicam a preservação do patrimônio histórico e religioso do terreiro, que está embaixo de 1,5 metro de terra, local considerado sagrado para o candomblé. Da mesma forma, também reivindicam que no terreno seja construído um centro cultural de referência à cultura negra dos povos Bantus, primeiro povo africano escravizado no país. O candomblé de nação Angola, raiz espiritual de Joãozinho da Gomeia, é de origem Bantu.

O Brasil de Fato fez contato com o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) para explicações a respeito dos próximos passos para o tombamento. Por meio de nota, o órgão respondeu que a pesquisa histórica e documental do terreno está concluída, aguardando apenas o fechamento da fase do levantamento arquitetônico.

Segundo o Instituto, a identificação dos espaços sagrados do Terreiro da Gomeia a partir da avaliação da Arquitetura e da Arqueologia e de seu significado serão de relevância na elaboração do Projeto do Memorial. O órgão imagina que o espaço terá uma face contemporânea, envolvendo Cultura, Conhecimento e Economia Criativa. 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Rodrigo Chagas e Mariana Pitasse