Rio de Janeiro

Queda de braço

Alerj vai recorrer de decisão do STF que suspendeu impeachment de Witzel

Ministro Dias Toffoli deu vitória ao governador, alegando que Casa não respeitou regra para compor comissão do processo

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Prédio Alerj
Líderes partidários na Alerj vão se reunir nesta terça (28) para decidir data em que será impetrado o recurso no Supremo - Alerj/Divulgação

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) informou nesta terça-feira (28) que vai recorrer da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu e determinou a dissolução da Comissão Especial que analisa o processo de impeachment contra o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC).

Na noite de ontem (27), o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, concedeu a liminar que havia sido protocolada pela defesa de Witzel. O presidente do Supremo entendeu que a Alerj não respeitou, no início de junho, o princípio de proporcionalidade e peso de cada partido na Casa no momento de formar a comissão de 25 deputados que analisa a denúncia.

Leia mais: Toffoli manda suspender Comissão Especial do impeachment na Alerj

Os líderes partidários decidiram por unanimidade, em reunião na tarde desta terça (28), ajuizar o recurso no início de agosto, quando termina o recesso no judiciário. Com isso, quem analisará o pedido da Casa será o ministro Luiz Fux, relator do processo. A liminar foi concedida no plantão judiciário por Toffoli, em meio ao recesso da corte.

"Nós reafirmamos a confiança em tudo o que foi feito, na composição da comissão, a definição do rito, que seguiram a Lei 1.079/50 [Lei do Impeachment] e a ADPF 378. Elas determinam a participação de todos os partidos, e permitem a formação da comissão por indicação dos líderes. Estamos garantindo o direito à ampla defesa do governador", afirmou o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT). 

"De porta em porta"

Integrante da Comissão, o deputado Waldeck Carneiro (PT) disse que a Alerj apresentou as justificativas ao STF quando Witzel entrou com a reclamação na Corte. "Com todo o respeito, o ministro Toffoli não leu ou não levou em conta a manifestação apresentada pela Alerj sobre a reclamação protocolada pelo governador junto ao STF".

Ainda segundo o parlamentar, em vez de se dedicar à preparação de sua defesa contra a denúncia, Witzel "prefere ficar batendo de porta em porta nos tribunais e tentando se esquivar do processo". 

"O estado do Rio enfrenta uma crise humanitária e sanitária de grande proporção, são mais de 13 mil mortos pela covid-19, enfrenta também uma crise fiscal há anos e as finanças continuam em situação muito delicada. E ainda tem que enfrentar uma crise política e institucional decorrente da suspeição que se instalou sobre o Governo Witzel no âmbito da sua administração", completou Waldeck.

Processo

A abertura do processo de impeachment contra o governador do Rio foi autorizada no início de junho e tem como um dos autores o deputado estadual Luiz Paulo (PSDB). Devido à pandemia, a sessão que autorizou o processo contra o governador foi realizada de forma online e aprovada pelos 70 deputados que compõem a Casa Legislativa do estado.

Segundo a denúncia na Alerj, Witzel é suspeito de envolvimento em compras fraudadas de equipamentos para o combate à pandemia da covid-19 e em contratos firmados pelo governo do estado.

Nova comissão

Segundo o presidente da Alerj, a Casa vai estudar, em paralelo ao recurso, um modelo para a formação de uma nova comissão que contemple a participação de todos os 25 partidos com representação na Alerj, como determina a lei do impeachment, e a proporcionalidade das bancadas. "Em paralelo ao recurso vamos estudar um critério de proporcionalidade, para que a gente possa ter uma alternativa", finalizou Ceciliano. 

Um dos autores da denúncia que resultou no processo de impeachment, o deputado Luiz Paulo defendeu a decisão, mas pontuou que é preciso formular uma alternativa. "O crime de responsabilidade é concreto. Temos que estudar muito bem as possibilidades para a formação dessa nova comissão", afirmou. 

Edição: Eduardo Miranda