Ceará

Quarentena

Especialistas apontam que ainda não é hora de seguir com a flexibilização no Ceará

O estado já está na primeira fase do plano de retomada econômica

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Agentes da prefeitura fiscalizam aglomeração - Marcos Moura/Prefeitura Municipal de Fortaleza

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, desde o final do mês de maio, a América Latina é o novo epicentro da pandemia do coronavírus no mundo. No Brasil, a doença já infectou mais de 800 mil pessoas, causando um total de 40.919 mortes. Mesmo com o crescimento no número de óbitos e contágio, vários estados têm iniciado o processo de flexibilização do distanciamento social, reabrindo setores da indústria e comércio não essenciais. No Ceará, o processo de retomada, será dividido em quatro fases, tendo a primeira sido iniciada no dia 8 de junho.

Segundo a médica Ana Paula Dias, que faz parte da Rede Nacional de Médicos Populares, tem se observado que, em relação a decisão de medidas de flexibilização, lugares que tiveram medidas mais restritivas, por mais tempo, tiveram melhores resultados dos seus indicadores para a retomada, países que hesitaram nessas medidas restritivas, tiveram piores índices e estão tendo mais dificuldades com a retomada. Ainda de acordo com Ana Paula, a redução de números de casos, mortes e procura por atendimento médico por covid-19 que se constata hoje é reflexo da política de isolamento rígido adotado pelo Governo Estadual anteriormente.
 

O médico infectologista e professor da Universidade de Fortaleza Keny Colares, também considera que a atual queda nos índices de coronavírus na capital cearense é fruto do isolamento rígido iniciado no dia oito de maio. “Há uma certa avaliação entre os médicos de que o relaxamento social, talvez tenha sido liberado um pouco cedo, estávamos começando a ter uma queda no número de casos, mas com um aumento no interior, o que faz com que o estado tenha uma tendência a estabilização e não uma queda definitiva”, relata Colares. Ele ainda chama a atenção para o número insuficiente de testes realizados na população, diagnósticos precoces e isolamento dos casos.

Para Ana Paula, o setor que gera a maior preocupação com o relaxamento do isolamento social são os trabalhadores mais vulneráveis, que mesmo com os cuidados no ambiente de trabalho, ainda terá que enfrentar, no caminho para os locais de ocupação laboral, aglomerações no transporte público, por exemplo. Para ela, é possível que tenhamos uma segunda onda de contaminação.
 

A OMS, definiu uma lista de critérios para flexibilização da quarentena, segunda a Organização o sistema de saúde deve ser capaz de identificar, testar, isolar e tratar todas pessoas que o paciente teve contato, possibilidade dos ambientes de trabalho e demais locais, como transporte, em proteger as pessoas da contaminação, conseguir lidar com os casos que venham de fora do país, controlar surtos em locais sensíveis, como postos de saúde e hospitais, a população deve estar consciente e engajada nas ações preventivas e a reabertura deve acontecer em países em que a taxa de contágio está em queda.

Covid-19 no Ceará
Nesta sexta-feira (12), segundo a plataforma IntegraSUS, o Ceará tem 75.705 casos confirmados e 4.788 óbitos desde o início da pandemia. Até agora são 53.354 casos em investigação e 54.414 casos curados no estado.

Edição: Monyse Ravena