Rio Grande do Sul

REPÚDIO

Entidades criticam escolha de autor de ameaças contra jornalista para cargo no RS

Escolhido como secretário de Comunicação Social de Porto Alegre, Denian Couto é denunciado por agressão a mulheres

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Denian Couto a ex-namorada: "Eu vou te matar se você não calar a sua boca" - Reprodução/Instagram

Em nota, a Comissão Nacional de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Conselho Municipal de Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) manifestaram preocupação a nomeação do jornalista Denian Couto como secretário de Comunicação Social da prefeitura de Porto Alegre (RS). Couto foi denunciado pela ex-noiva e também jornalista, Giulianne Kuiava, a quem ameaçou de morte em 2019, além de ter sido apontado como agressor de pelo menos outras duas mulheres.

“Esta Comissão de Mulheres registra que é lamentável que a impunidade ainda privilegie os agressores que, protegidos por outros homens, acabam sendo prestigiados, enquanto as vítimas precisam lutar contra os traumas e também para reconstruir suas vidas”, diz a nota de repúdio da Fenaj. "Infelizmente, a busca por uma sociedade com menos amarras patriarcais também passa pela necessidade de contar com estruturas que não encorajem a prática cotidiana de violência contra as mulheres. A impunidade nos empurra ao retrocesso e nos impede de avançar para a consolidação de políticas mais efetivas na garantia mínima de nossos direitos", afirma a Comissão.

Já a nota do COMDIM/POA afirma que “repudia tal nomeação, uma vez que a contratação legitima números alarmantes de violência contra as mulheres, em crescimento significativo neste cenário de isolamento em decorrência do Coronavírus. E demonstra um total descaso da atual administração municipal com a luta das mulheres pela manutenção das garantias já conquistadas e na busca de avanços que resultem em igualdade, autonomia e direitos”. A nota do Conselho Municipal constata ainda "que Porto Alegre vive um movimento crescente de desmonte dos serviços de apoio às mulheres vítimas de violência na saúde, na educação, na assistência social e uma tentativa de enfraquecimento do controle social da cidade, atingindo todos os conselhos da cidade."

Histórico das agressões

A ameaça de morte contra Giulianne se tornou pública após reportagem do The Intercept Brasil que, além de expor a situação, também incluía uma gravação em áudio em que Couto profere uma série de ameaças e insultos à jornalista. Além de conviver com o medo, Giulianne ainda era forçada a trabalhar em uma sala à parte dos demais colegas para evitar o contato com Couto – em uma clara política de estigmatização da vítima.

A publicização do caso foi seguida de manifestações do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), culminando na demissão de Couto na ocasião. À época, um procedimento investigatório foi aberto pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Na esfera criminal, entretanto, sem negar as ameaças e sob alegação de ‘forte emoção’, Couto se esquivou do processo.

A Fenaj destaca, em sua nota, o histórico do caso, a partir dos seguintes links:

http://sindijorpr.org.br/noticias/7473/sindijorpr-pede-acoes-efetivas-da-ric-tv-em-defesa-de-jornalista-ameacada-de-morte

http://sindijorpr.org.br/noticias/7477/ameaca-nao-e-mimimi

http://sindijorpr.org.br/noticias/7485/sindijorpr-acompanha-investigacao-do-mpt-na-ric

https://theintercept.com/2019/03/27/jovem-pan-denian-couto-ameaca-mulheres/

Edição: Marcelo Ferreira