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Covid-19: oh! E agora, quem poderá nos defender?

A medicina ajuda nosso sistema imunológico, ao nos manter vivos nas vezes em que estamos perdendo

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"O Sistema Imunológico é o herói que está neste exato momento trabalhando arduamente para controlar a pandemia do covid-19" - Reprodução SBT
A medicina ajuda nosso sistema imunológico, ao nos manter vivos nas vezes em que estamos perdendo

O mundo parou em guerra contra um inimigo invisível. Bilhões de pessoas se refugiam em suas casas. Instituições e empresas suspendem as atividades. O número de casos e mortes cresce exponencialmente. Governos batem cabeça sobre como agir. Ninguém é capaz de prever até quando a pandemia durará.

Nossa única certeza é que apenas ele poderá deter o inimigo. Apenas ele poderá por fim à guerra. Enquanto nosso herói não entrar em ação em escala global, o inimigo seguirá a ganhar terreno. Ele, que está dentro de cada um de nós: o incrível Sistema Imunológico!

A evolução nos legou um complexo e eficiente sistema de células e moléculas que percorre todo o organismo com a tarefa de manter a casa em ordem. E, como elas precisam estar em constante ronda, os vasos sanguíneos são o melhor local para encontrá-las. Mas, se queremos achar o sistema imune, além do sangue, devemos olhar para os vasos linfáticos e para pequenos órgãos como o baço, o timo e os linfonodos.

Essas células, os leucócitos (ou glóbulos brancos), têm como principal função reconhecer e eliminar estruturas estranhas do organismo. O que pode ser uma substância química, como um veneno, ou um vírus, uma bactéria e até algo maior, como uma farpa ou um verme. Para isso, elas usam um intricado mecanismo de reconhecimento, comunicação, ataque e memória.

Toda vez que você, por exemplo, se corta ou gripa, é o sistema imunológico que atua para restabelecer a ordem. Inchaço, formação de pus e febre são sinais de sua ação.

Quando vírus invadem o organismo, vários tipos de leucócitos trabalham juntos para detê-los. Os da linha de frente reconhecem que há ali algo estranho. Então soam o alarme químico que atrairá outros tipos de leucócitos para o local. A partir daí, alguns se responsabilizarão por destruir os invasores, outros produzirão substâncias que ajudarão nesse processo, os anticorpos.

E no fim, com a batalha vencida, alguns ficarão responsáveis por manter uma memória química daquele invasor. Assim, caso ele volte um dia, haverá um arsenal preparado para impedir que isso se torne um problema. É daí que vem a imunidade que adquirimos quando saramos de uma doença ou quando nos vacinamos.

Por isso, é ele o herói que está neste exato momento trabalhando arduamente para controlar a pandemia do covid-19. O que a medicina faz aqui do lado de fora é ajudá-lo nesta guerra, principalmente, ao manter os doentes vivos nos casos em que nosso lado está perdendo.

Somente quando um bom número de pessoas na população construir essa memória imunológica contra o covid-19 é que ele deixará de ser uma grande ameaça. Até lá, cabe a todos contribuir com nosso herói e com os trabalhadores da saúde que o apoiam, dando-lhes tempo para trabalhar. Com menos pessoas doentes simultaneamente tudo correrá melhor e evitaremos mais perdas do que as que já tivemos.

Por isso, não ouça o presidente e fique em casa!

Um abraço e até a próxima!

Renan Santos é professor de biologia.

Edição: Joana Tavares