Rio de Janeiro

Em cima do muro

Após pronunciamento, Witzel preserva diálogo com Bolsonaro e mantém quarentena

O governador declarou nesta quarta (25) que o governo federal atendeu aos seus anseios em relação às medidas econômicas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Bolsonaro e Witzel
O governador Wilson Witzel (PSC) foi um dos principais alvos de Bolsonaro nas últimas semanas - Sérgio Lima/ Poder 360

Em pronunciamento em rede nacional na noite da última terça-feira (24), Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou o coronavírus e acusou governadores e imprensa de espalharem pânico na sociedade e provocarem prejuízos à economia. O discurso causou uma série de reações das lideranças estaduais nesta quarta-feira (25). 

No Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel (PSC), um dos principais alvos de Bolsonaro no pronunciamento da última terça (24) e das últimas semanas, não deu resposta direta à fala do presidente e manteve diálogo, segundo publicou em sua conta no Twiiter.

“Após videoconferência com o presidente Jair Bolsonaro sobre as ações de combate ao coronavírus, pedi mais uma vez diálogo e união. Sei da angústia dos empresários, que estão sem ver uma luz no fim do túnel”, postou Witzel na rede social após videoconferência realizada na manhã desta quarta (25) com Bolsonaro, ministros e governadores de outros estados. 

Sem dar muitos detalhes, o governador ainda declarou que o governo federal atendeu positivamente aos seus anseios em relação às medidas econômicas. “Saio satisfeito com a reunião e acredito que o diálogo é o caminho”, escreveu.

O governador ainda usou a rede social para ratificar a importância de a população manter a quarentena. “Peço mais uma vez ao povo fluminense: fique em casa. Siga as recomendações. Não queremos acabar com as empresas, exterminar empregos. Queremos preservar vidas”, disse. 

Na capital, o cenário da quarentena não mudou depois do pronunciamento de Bolsonaro. Na Central do Brasil, local que recebe diariamente milhares de pessoas de diversos bairros do Rio e de municípios da região metropolitana, apenas quem trabalha em serviços essenciais está fora da quarentena. Na Rua Uruguaiana, um dos centros comerciais mais importantes do Centro do Rio, nenhuma loja estava aberta. Assim como as lojas das ruas da Avenida Rio Branco e Presidente Vargas. Na Zona Sul, todos as lojas também estão fechadas.

Clima esquenta 

A postura de Witzel em relação a Bolsonaro se mostrou bem diferente de outros governadores. Nesta quarta (25), o presidente perdeu o apoio de um de seus principais aliados: o governador de Goiás Ronaldo Caiado (Democratas). Também bateu boca com o governador de São Paulo João Doria (PSDB) durante videoconferência.

Segundo informações divulgadas pelo portal Congresso em Foco, os 27 governadores vão fazer uma reunião também por videoconferência, às 16h, desta quarta-feira (25) para discutir a elaboração de uma nota conjunta contra o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro que minimizou a crise do coronavírus. 

A declaração de Bolsonaro foi alvo de críticas não só dos governadores mas por todo o país no meio político e instituições. A sociedade reagiu com panelaços. Os protestos acontecem desde a semana passada. A fala do presidente contrariou orientações de especialistas do mundo inteiro, do próprio Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Edição: Mariana Pitasse