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Coronavírus, crise, medidas de exceção: o que o esporte tem a ver com isso?

Exageros cometidos não seriam um álibi para a crise global?

Vários eventos correm risco de cancelamento ou foram cancelados - Dipartimento Protezione Civile
Exageros cometidos não seriam um álibi para a crise global?

As medidas de exceção implementadas em algumas nações, supostamente por causa do coronavírus, estão mudando a rotina de cidadãos em todo o mundo. Autoridades aumentaram o controle das fronteiras e cercearam parcialmente o direito de ir e vir da população. Na Itália, até o Exército foi para as ruas controlar o fluxo de pessoas e frear a propagação da doença.

Claro que tais medidas atingem o esporte. A Liga dos Campeões da Europa teve e terá várias partidas sem público. No Campeonato Italiano, os jogos terão portões fechados até 3 de abril. Na Liga Europa, o Getafe se recusou a ir a Milão, epicentro do coronavírus na Itália, para enfrentar a Inter, e a Roma foi impedida pelas autoridades locais de entrar na Espanha, onde enfrentaria o Sevilla, por medo de que os atletas romanos levassem a doença. O Paraguai terá jogos sem público por tempo indeterminado.

Outros eventos correm risco de cancelamento ou foram cancelados. Nos EUA, o tradicional torneio de tênis de Indian Wells não acontecerá. No Comitê Olímpico Internacional, discute-se o adiamento das Olimpíadas de Tóquio, o que provocaria, de acordo com uma seguradora, a retração de 1,4% do PIB japonês. 

Há efeitos concretos que imprensa e governos depositam na conta do coronavírus. Mas os exageros cometidos não seriam um álibi para a crise global? Isto é, embora real, a expansão da doença não serviria para ofuscar problemas como a superprodução de mercadorias, a redução dos salários, a queda nos investimentos públicos, que são as verdadeiras causas dessa crise?

Com o pânico, as medidas de controle funcionariam para manter reprimidos os ânimos do povo contra governos e capitalistas, verdadeiros responsáveis pela crise. 

Neste momento, nem mesmo o dinheiro perdido com as bilionárias cifras do esporte impediria o desenvolvimento da crise econômica internacional ofuscada pela pandemia de coronavírus.
 

Edição: Wallace Oliveira