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No Rio, chuvas voltam a causar mortes e Crivella culpa a população

Cinco pessoas morreram na Grande Rio desde o final de semana; 42 escolas estaduais suspenderam as aulas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
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Chuva causa destruição no bairro de Realengo, no Rio - Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

O Rio de Janeiro está em estágio de alerta desde domingo (1°) devido as fortes chuvas que atingem o estado. Baixada Fluminense e zona oeste da capital fluminense foram os locais mais afetados pelo mau tempo. Cinco mortes foram registradas na Grande Rio até o momento. A quinta vítima foi encontrada em Queimados na manhã desta terça-feira (3).

De acordo com informações da Defesa Civil Estadual, três óbitos foram registrados na capital e um no município de Mesquita, na Baixada Fluminense. O órgão informou que os bombeiros realizaram 800 atendimentos num prazo de 24 horas e que há cerca de cinco mil desabrigados em todo o estado do Rio. Os municípios de Magé, Belford Roxo, Guapimirim, Seropédica, Rio de Janeiro, Itaguaí, Mesquita, Queimados e Rio Bonito foram os mais atingidos. 

O bairro de Realengo, na zona oeste do Rio, foi um dos que mais sofreu com enchentes. A chuva na localidade superou o indicativo para todo o mês de março. A água invadiu casas, destruiu mobílias e automóveis. Cerca de 14 carros foram levados pela força das águas, alguns veículos colidiram em casas e derrubaram muros.

Bianca Andrade, 40, é moradora da rua Birigui, local que ficou submerso em Realengo. A doméstica perdeu todos os móveis e eletrodomésticos após o transbordamento do córrego na noite de sábado (29) para domingo (1). De acordo com Bianca, que mora com a irmã e mais sete crianças e adolescentes na residência, a água chegou a 1 metro e 60 centímetros e foi difícil evacuar o local. 

“Eu ‘tava’ passando mal até agora. Eu paralisei. Tinha rato junto com a gente, cheio de rato e a gente tirando as crianças correndo. Foi tudo muito rápido, a água entrar e sair. Quando eu retornei em casa estava tudo jogado para cima”, contou ao Brasil de Fato.

A família de Bianca está abrigada na Igreja Batista Monte da Fé, em Realengo, o local se tornou um ponto de apoio para as pessoas desabrigadas do bairro. Segundo o pastor Nelson Soares dos Santos, que está à frente da igreja, o recolhimento de mantimentos começou no sábado.  “Já distribuímos mais de 300 cestas básicas, mais de mil peças de roupas e ainda estamos distribuindo. Muita gente apanhando roupa, alimento e água, porque a comunidade ficou sem água”, disse. 

A instituição ainda precisa de doações. Os principais itens que as famílias estão necessitando são fraldas, alimentos não perecíveis e kits de higiene. As doações são recebidas na Rua Biguaçu, 155, em Realengo. 

Lama no prefeito

Na manhã da última segunda-feira (2), o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos) foi até Realengo conferir os estragos causados pelo temporal. Momentos antes de iniciar uma entrevista coletiva improvisada, um morador jogou um punhado de lama em Crivella. O barro atingiu o ombro do prefeito que colocou a culpa dos alagamentos na população. 

“Se as pessoas não jogarem lixo nas encostas, na beira do rio e não jogarem lixo no bueiro nós vamos ter muito menos problemas com as chuvas. A culpa é de grande parte da população que joga lixo nos rios recorrentemente”, disse o prefeito. 

No domingo durante uma transmissão ao vivo sobre os impactos da chuva na cidade do Rio, Crivella falou que as pessoas “gostam de morar ali [áreas de risco] porque gastam menos com tubos para colocar cocô e xixi”.

Impactos 

Por conta da chuva, as aulas em 42 escolas estaduais do Grande Rio foram suspensas. Mais de 21 bolsões d´água foram registrados na zona oeste do Rio causando transtorno para a população que tentava se deslocar pela região.

A ONG Focinhos da Luz, na zona oeste, também sofreu o impacto causado pelo temporal. A sede da organização que abriga cerca de 120 animais ficou completamente alagada. Nas redes sociais a ONG estava solicitando apoio para o abrigo temporário de animais.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a previsão é que a chuva moderada permaneça pelos próximos dias.

*Atualizado em 03/03/2020, às 12h10. 

Edição: Vivian Virissimo