Pernambuco

MOBILIDADE

Mesmo com nova frota, problemas antigos persistem no transporte público de Petrolina

Novos ônibus com Wi-fi e ar condicionado contrastam com pontos mal sinalizados e a ausência de terminais na cidade

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |
Em novembro do ano passado a prefeitura da cidade anunciou mudanças na frota de ônibus
Em novembro do ano passado a prefeitura da cidade anunciou mudanças na frota de ônibus - Paulo Ricardo Sobral

Desde novembro de 2019, a questão do transporte público em Petrolina, no Vale do São Francisco, se tornou pauta constante na vida dos usuários do serviço. Isso porque em novembro do ano passado a prefeitura da cidade anunciou mudanças na frota: as duas empresas que realizavam o serviço na cidade, Joalina e Viva Petrolina, foram substituídas pelo Sistema Integrado de Mobilidade de Petrolina, o SIM. 

Os problemas relacionados ao transporte público na cidade são antigos, como ressalta Andressa Silva, que há anos se atenta ao funcionamento dos ônibus da cidade “Eu utilizo o transporte público desde criança e naquela época eu achava o transporte menos cheio e o trânsito mais fluido. Com o aumento da população, a demanda hoje talvez não esteja sendo suprida. Uma outra coisa é que antes tinha um terminal na cidade, o que não existe mais”, relembra. 

Com cerca de 300 mil habitantes distribuídos em mais de 50 bairros, a atual configuração do transporte da cidade tem 83 ônibus para atuar em 22 linhas da zona urbana. Ainda durante o processo de troca das empresas, o Secretário Executivo de Transportes, José Carlos Alves, que coordenava o processo de licitação para o funcionamento da nova empresa, sofreu uma tentativa de homicídio 10 dias após a nova frota entrar em operação. No momento, o suspeito de disparar quatro tiros contra o secretário está preso e o Ministério Público e as polícias Civil e Estadual estão investigando o caso, já que outras pessoas também foram ameaçadas.

A prefeitura da cidade anunciou que os novos ônibus contam com algumas mudanças em relação as frotas antigas: tomada USB para celular, sinal de internet Wi-Fi, vidro fumê, câmeras de segurança e alguns ônibus são climatizados com ar-condicionado e todos são equipados com elevador para cadeirantes, o que era uma reivindicação antiga dos usuários do transporte. Uma outra mudança foi a diminuição do valor da passagem, que foi de R$3,70 para R$ 3,56.

Em operação há aproximadamente um mês, a nova frota contrasta com problemas antigos de mobilidade na cidade: pontos de ônibus mal sinalizados e sem assentos ou abrigo do sol; a pouca quantidade de carros por linha, o que pode causar horas de espera; a não integração entre os transportes da zona urbana e rural e a ausência de um terminal de integração dos ônibus, substituído por um ponto de ônibus universal no centro da cidade, onde as pessoas aguardam de pé nas calçadas do comércio.

“Como em outros lugares, o transporte da cidade ainda não é satisfatório, porque não atende todos os bairros. Os ônibus estão em melhor estado, mas acho que isso é para mascarar e simular uma melhora, do que tê-la efetivamente. Muda-se a empresa, mas a situação é a mesma”, ressalta Andressa. Para ela, a redução da passagem foi boa, mas o valor é alto quando se leva em conta, por exemplo, o itinerário e horário de funcionamento dos ônibus “Quem precisa pegar dois ônibus por dia enfrentava problemas, porque o intervalo de integração é curto e só valia em algumas linhas. Seria interessante implementar a diferença de valor para curtas e longas distâncias, porque pagamos um valor único para qualquer lugar”. 

 

Em relação a integração, uma nota no site da prefeitura anuncia mudanças no sistema. Agora, os usuários tem um intervalo de 90 minutos pagando apenas uma passagem. A conexão também poderá ser feita, em breve, entre os veículos novos e as vans que transportam passageiros da zona rural para a cidade, após o sistema de cobrança com cartão de passagem ser implementado nos transportes da zona rural.

 Sobre os demais problemas, o Brasil de Fato Pernambuco tentou contato com a Autarquia Municipal de Mobilidade de Petrolina (AMMPLA), mas não obteve respostas até o fechamento desta edição.

Edição: Monyse Ravenna