Pelo segundo ano consecutivo, a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no centro do Rio de Janeiro, não recebeu apoio governamental para sua realização. De acordo com o movimento, as emendas parlamentares destinadas ao evento no âmbito federal e estadual não foram efetivadas.
Por isso, o MST lançou uma campanha online de solidariedade para arrecadar fundos que serão usados de maneira integral para o custeio de alimentação, transporte e estrutura da 11ª edição da feira. As doações, a partir de R$ 10, podem ser feitas no site do Catarse.
A feira acontece desde a última segunda (9) até a próxima quarta-feira (11), no Largo da Carioca, no centro do Rio. A organização estima que mais de 150 toneladas de alimentos produzidos pelos assentamentos e acampamentos do MST no estado serão comercializados nos três dias de evento.
Nos últimos anos, a importância da feira para a cidade do Rio de Janeiro foi reconhecida por meio de duas leis: a lei 5999/15, que a aponta como de interesse cultural e social para o município, e a lei 6218/17, que a insere no calendário oficial da cidade do Rio de Janeiro no mês de dezembro. Ambas são de autoria do vereador Renato Cinco (Psol).
Programação
Na segunda-feira (9), o primeiro dia de programação da 11° Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes foi marcado pelo lançamento do livro “Autoritarismo contra a Universidade: O desafio de Popularizar a Educação Pública”, do ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher. Também pela apresentação musical do DJ Buiu, que tem um trabalho de pesquisa em cima dos sons da África, além do ato político realizado como abertura.
O deputado federal Marcelo Freixo (Psol) e a família da ex-vereadora assassinada Marielle Franco também estiveram presentes no primeiro dia de evento. Para a mãe de Marielle, Marinete Silva, a feira precisa ser valorizada pela população. “Quando eu soube desse evento, fiquei contente. É um lugar maravilhoso de resistência. Precisamos valorizar cada vez mais iniciativas como essa”, comentou.
O integrante do coletivo de comunicação do MST, Alexandre Gomes, afirmou em entrevista ao Programa Brasil de Fato RJ que o evento é uma chance para o MST ampliar o diálogo com a sociedade. “É uma oportunidade grande dos consumidores terem uma relação direta com os produtores de alimentos, possibilitando troca de saberes e conhecimentos populares”, acrescentou.
*Texto: Jaqueline Deister | Entrevista: Denise Viola
Edição: Mariana Pitasse