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REAÇÃO

Policiais debatem o combate ao fascismo no Rio de Janeiro

O 2° Congresso Nacional dos Policiais Antifascismo teve início na quinta-feira (28); abertura homenageou Carlos Latuff

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Mesa de abertura contou com representantes de movimentos populares, pesquisadores e policiais
Mesa de abertura contou com representantes de movimentos populares, pesquisadores e policiais - Jaqueline Deister

O 2° Congresso Nacional dos Policiais Antifascismo começou na última quinta-feira (28) na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro. A cerimônia de abertura do encontro foi marcada por homenagem ao chargista Carlos Latuff, que teve obra destruída pelo deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) durante uma exposição na Câmara dos Deputados, em Brasília, e ao músico e compositor Marcelo Yuka, que morreu em janeiro deste ano em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). 

A abertura oficial do evento ocorreu à noite com a mesa “Como Construir a Luta Antifascismo no Brasil?”, que teve a presença de João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); Mauro Iasi, pesquisador e integrante do Partido Comunista do Brasil (PCB); Maria Dalva Côrrea da Silva, da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência; Kleber Rosa, do movimento policiais antifascismo na Bahia; Nildo Ouriques, do Instituto de Estudos Latino-Americano (IELA) e o cartunista Carlos Latuff.

Para o investigador da Polícia Civil da Bahia, Kleber Rosa, não é possível pensar a reformulação do sistema de segurança pública do Brasil sem fazer um amplo debate sobre o racismo e o papel do povo negro na sociedade. Para Rosa, entender que o fascismo no Brasil não se manifesta apenas agora no governo de Jair Bolsonaro é fundamental para transformar a estrutura social. 

“Enfrentar o fascismo no Brasil significa enfrentar o fascismo como ele se manifestou desde sempre. Senão a gente resolve esse momento fascista e quando o momento fascista passar, quem está submerso (população de baixa renda) vai se manter no julgo do fascismo e para quem está na superfície, as coisas já voltaram ao seu normal. Vence o fascismo, mas a estrutura de opressão permanece. E qual o nosso objetivo? Manter as coisas calma aqui? Ou fazer uma transformação profunda na sociedade?”, questionou. 

Já Maria Dalva, que perdeu o seu filho em 2003 vítima da chacina do Borel, ressaltou a necessidade da favela estar presente em espaços que se propõe a pensar um novo modelo de segurança pública. “É muito importante ocupar esses espaços, porque nós somos criminalizados e quando temos a oportunidade de estar aqui e falar como a gente vive, como é o nosso território e quais são as condições é fundamental”, destacou.

Fascismo

João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, apontou que a conjuntura vivida pelo Brasil pode ser de médio e longo prazo e que é necessário fortalecer o debate contra o fascismo em instituições como a polícia. Rodrigues salientou também que hoje o MST conta com mais de 350 mil famílias assentadas no país e que a luta em defesa da reforma agrária não vai parar.

“É um Congresso importantíssimo para discutir a luta antifascista. Ficamos felizes em sermos convidados para a mesa, o MST é vítima das polícias de todo o país com despejos violentos e  com mandados de prisão. Vamos construindo uma aliança numa situação muito adversa, eles [policias] treinados e pagos para defender essa lógica que está ai, mas ao mesmo tempo se rebelando e se juntando aos nossos ideais que são a defesa da democracia e a luta contra o fascismo. É muito perigoso para um país ter uma polícia fascista porque eles detêm o monopólio da violência e da arma”, disse Rodrigues.

O 2° Congresso dos Policiais Antifascismo se encerra nesta sexta-feira (29), com atividades exclusivas para os agentes da segurança pública. 

Edição: Mariana Pitasse