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RJ: Protesto na Petrobrás denuncia venda de refinarias para empresas internacionais

"Programa de desinvestimento" da estatal inclui quatro refinarias nas regiões sul e nordeste, além da Liquigás

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Agência Nacional do Petróleo (ANP), Federação Única dos Petroleiros (FUP) e movimentos sociais promoveram o ato nesta sexta (16)
Agência Nacional do Petróleo (ANP), Federação Única dos Petroleiros (FUP) e movimentos sociais promoveram o ato nesta sexta (16) - Clívia Mesquita

Durante toda a manhã desta sexta-feira (16), petroleiros e militantes de diversos movimentos sociais ocuparam a frente do Edifício Sede da Petrobras (EDISE), no centro do Rio de Janeiro, para protestar contra a venda de quatro refinarias da estatal para empresas estrangeiras. O avanço do "programa de desinvestimento" da companhia inclui as refinarias Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul, Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e Abreu Lima (RNEST), em Pernambuco.

Além destas, também está à venda a Liquigás, uma das maiores distribuidoras de gás de cozinha do Brasil, com cerca de 30% do mercado nacional. "Estamos falando de ativos que valem bilhões, nenhum capitalista brasileiro terá os recursos para adquirir as quatro refinarias junto com seus terminais terrestres, marítimos e sistemas logísticos", aponta Deyvid Bacelar, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

"Esse patrimônio [colocado à venda] influencia diretamente no preço dos derivados de petróleo, principalmente gasolina, diesel, gás de cozinha. A privatização desses ativos vai fazer com que o governo federal deixe de ter maior influencia sobre os preços para a população. A empresa internacional vai trabalhar pra minimizar os custos em cima dos trabalhadores com processos de demissão e precarização. Mas também maximizando os lucros no preço que chega a população brasileira dos diversos derivados", completa o petroleiro baiano.

Além da FUP, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), Levante Popular da Juventude e diversos movimentos populares e de juventude se mobilizaram para o ato nesta sexta-feira (16).

Preço de banana

Para Natália Russo, diretora do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindpetro-RJ), o desmonte da empresa pelo governo federal evidencia a falta de compromisso em garantir o abastecimento nacional e também uma política que reduza o preço dos combustíveis. "A gente sabe que as refinarias serão compradas por monopólios privados locais que vão elevar o preço para uma série de coisas que dependem do combustível como a produção de alimentos", ressalta Natália.

"[As refinarias] serão vendidas a preço de banana porque se o histórico de construção dessas empresas, dutos, terminais, mercados locais, algo que é muito difícil estipular um preço", avalia Natália.

Outra expectativa com o cenário de privatização de quatro das oito refinarias da Petrobras é o desabastecimento nos locais mais pobres e afastados do país. Um dos papéis da estatal é justamente de abastecer o mercado nacional. "As empresas que viram de foram terão interesse em atender os grandes mercados. Os rincões do norte e nordeste com certeza sofrerão desabastecimento", adianta o diretor da FUP.

"A venda e a entrega da Petrobrás para o capital estrangeiro também tem implicações na educação brasileira que perde os investimentos que viriam dos royalties do pré-sal. Perdemos esse dinheiro e hoje as universidades e escolas passam por esse processo de cortes. Que a nossa riqueza seja investida para o nosso povo", Élida Elena, vice-presidente UNE.

Deyvid Bacelar, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e Élida Elena, vice-presidente UNE, discursam em frente a sede nacional da Petrobrás no Rio de Janeiro. (Foto: Clívia Mesquita)

Assista os momentos finais do ato aqui.

Edição: Mariana Pitasse