Minas Gerais

INFORMAÇÃO

Pesquise sua cidade: em MG, blog fornece dados sobre questões climáticas municipais

Observatório do Blog Lei.A monitora leis, projetos e agendas ambientais no estado

Belo Horizonte |
Pesquisando a cidade de Montes Claros, por exemplo, é possível ver que a temperatura ficou um grau mais quente desde 1981
Pesquisando a cidade de Montes Claros, por exemplo, é possível ver que a temperatura ficou um grau mais quente desde 1981 - Site Lei.A

Apesar de ser um tema importantíssimo, as informações sobre meio ambiente sempre se parecem confusas e difíceis, não é? Uma dificuldade que pode se tornar uma muralha a quem quer se informar e agir. Para ajudar nessa ponte surgiu o Blog Lei.A, que funciona como um serviço de informações ambientais, fruto de uma parceria entre Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Associação dos Observadores do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural de Minas Gerais.

Blog aposta que a informação pode levar mais pessoas a terem o interesse de monitorar os parlamentares, e que isso as estimule a agir

Além dos textos, o Blog Lei.A, leia.org.br, traz uma novidade interativa, em que é possível pesquisar dados de cada cidade de MG em oito questões ambientais: barragens de rejeitos, biodiversidade, desmatamento, mudanças climáticas, recursos hídricos, resíduos sólidos, unidades de conservação e uso da terra. Um dos idealizadores do Observatório, Leonardo Ivo, explica a produção do mapa.

“A gente fez um algoritmo que busca as informações das Estações Climáticas espalhadas pelo estado e, por distância, identifica para aquele município quais foram nos últimos cinco anos os indicadores de temperatura e de pluviosidade”, comenta. A página permite comparar as médias de temperatura e chuva com os últimos dois períodos de 30 anos.

O exemplo da cidade de Montes Claros

Pesquisando a cidade de Montes Claros, por exemplo, é possível ver que a temperatura aumentou ao longo dos anos. De 1981 a 2010 a cidade ficou em geral um grau mais quente em todos os meses do ano, na comparação com o período de 1961 a 1990. E 2014 a 2018 mostram temperaturas ainda maiores.

Já em outros temas, podemos descobrir que o município teve mais de 8 mil hectares de cerrado desmatados de 2010 a 2015; possui dois aterros sanitários; três pontos de captação pública de água e 34 captações particulares; e possui uma unidade de conservação ambiental.

Conhecimento e ação

Junto aos resultados, o Observatório Lei.A traz informações sobre as leis que regem os oito temas e os projetos de lei em discussão por deputados estaduais e federais. Essa é a primeira parte do objetivo do Lei.A, diz Gustavo Nolasco, transmitir e traduzir informações de acadêmicos, pesquisadores, leis e movimentos para a população em geral. Nas suas palavras, garantir o direito à comunicação.

Gustavo conta que o Lei.A, inclusive, nasceu de uma necessidade real. “No rompimento da barragem da Samarco [2015] existiam três atores: as empresas, o governo e os atingidos. Dois deles tinham armas de comunicação. As empresas tinham assessoria, verba para publicidade e um lobby forte nos veículos de comunicação; os governos, a mesma coisa. Do outro lado, os atingidos, que nessa ‘guerra’ não tinham arma nenhuma, e com isso o seu direito à comunicação e seu protagonismo nunca eram iguais. Essa desigualdade de quem detém as armas de comunicação e quem não detém ficou muito evidente”, analisa.

O blog aposta que a informação pode levar mais pessoas a terem o interesse de monitorar os parlamentares, e que isso as estimule a agir. A plataforma mostra os deputados estaduais mais votados em cada cidade, com a sua forma de financiamento de campanha e a opção de mandar mensagens aos parlamentares. Para a ação coletiva, o Lei.A se coloca como um fornecedor de conhecimento aos movimentos ambientais.

Uma das primeiras ações do Lei.A foi o monitoramento do Projeto de Lei Mar de Lama Nunca Mais (veja aqui: https://tinyurl.com/y45rmj57), que levou três anos para ser aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O próximo objetivo, conta Gustavo, é que as pessoas “entendam mais e passem a cobrar o seu cumprimento, o que está longe de acontecer em Minas Gerais”.

Edição: Joana Tavares