Rio de Janeiro

EDUCAÇÃO

Debate sobre cotas raciais na Uerj é marcado por agressão de deputado do PSL

Projeto de lei do partido de Bolsonaro quer cortar política de ações afirmativas em universidades estaduais

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Audiência teve presença massiva de estudantes da Uerj, movimentos negros, parlamentares e representantes do MP-RJ e Defensoria Pública
Audiência teve presença massiva de estudantes da Uerj, movimentos negros, parlamentares e representantes do MP-RJ e Defensoria Pública - Eduardo Miranda/Brasil de Fato

Precursora no Brasil ao instituir 15 anos atrás o regime de cotas raciais, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi palco de uma audiência pública na última segunda-feira (10) para discutir ações afirmativas e o enfrentamento ao racismo na educação. A audiência foi promovida por diversas comissões da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Em debate, esteve o Projeto de Lei 470/2019, de autoria do deputado Rodrigo Amorim (PSL), que visa suprimir as cotas raciais nas universidades estaduais. Integrante da mesa, o parlamentar do partido de Jair Bolsonaro fez algumas tentativas para interromper a audiência. Logo no início, ele pretendia que o debate começasse só depois que fosse cantado o Hino Nacional.

Presidente da audiência, o deputado Waldeck Carneiro (PT) lembrou ao parlamentar do PSL que não existe obrigatoriedade de entoar o Hino Nacional quando as sessões ocorrem fora da Alerj. Inconformado, Amorim insistiu, com o apoio do também deputado Alexandre Knoploch (PSL), e provocou a vaia de estudantes.

Em outros momentos, os parlamentares do PSL interromperam as falas de deputadas e foram alvos de reclamações do público e da deputada Renata Souza (Psol), uma das mais interrompidas durante sua fala. Amorim também duvidou que a posição da defensora pública Lívia Casseres fosse postura da instituição.

O deputado Carlos Minc (PSB) interveio e confirmou que a defesa das cotas é a posição oficial da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, assim como é a do Ministério Público do Estado (MP-RJ), que estava representado pela promotora Eliane de Lima Pereira, da Assessoria de Direitos Humanos e Minorias do MP-RJ.

Na saída, dois homens foram agredidos fisicamente. Um deles foi atingido por um soco dado pelo deputado Alexandre Knoploch (PSL). Em conversa com o Brasil de Fato, a deputada Mônica Francisco disse que sua equipe e integrantes do Psol farão uma reunião nesta terça-feira (11) e vão recolher imagens feitas no local. Segundo a parlamentar, serão tomadas medidas cabíveis no âmbito da Alerj e na justiça criminal.

Edição: Mariana Pitasse