Rio de Janeiro

SAÚDE

RJ: Crivella anuncia fechamento de maternidade em Madureira sem diálogo com população

Pacientes foram avisados dias antes do programado para o fechamento do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
A maternidade faz cerca de 300 partos e 1400 atendimentos mensais para gestantes e crianças de comunidades e bairros próximos de Madureira
A maternidade faz cerca de 300 partos e 1400 atendimentos mensais para gestantes e crianças de comunidades e bairros próximos de Madureira - Divulgação

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou nesta semana o fechamento do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro, localizado em Madureira, na zona norte da cidade. Segundo informação de moradores do bairro, pacientes foram avisados apenas dias antes do programado para o fechamento da unidade. Como justificativa para o encerramento das atividades do hospital, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) prometeu construir uma policlínica cirúrgica no local, mas ainda não informou a data de início e nem de término nas obras.

Pacientes e profissionais da unidade serão transferidos para a maternidade Alexander Fleming, localizada em Marechal Hermes, também na zona norte. A decisão, contudo, desagradou tanto trabalhadores quanto moradores da região. Ao longo da última terça-feira (21), famílias e movimentos populares promoveram um protesto em frente a maternidade Herculano Pinheiro para se manifestarem contra o seu fechamento.

Em entrevista ao Programa Brasil de Fato, Danilo Firmino, morador de Madureira e membro do coletivo “Fala Subúrbio”, descreveu a surpresa dos usuários quando receberam a notícia. Segundo Firmino, a unidade recebeu na segunda-feira (20) a visita da secretária municipal de Saúde, Beatriz Busch, que informou as mudanças.

“O impacto na vida dessas mulheres é muito grande. Quando eles falaram que vai tudo para o Alexandre Fleming, em Marechal Hermes, demonstra que não foi feito nenhum estudo de impacto e nem conhecem a região porque o tempo de deslocamento entre Madureira, Vaz de lobo, Irajá nos horários de pico tornam os cinco quilômetros que separam uma unidade da outra muito maiores”, afirmou Firmino.

De acordo com a assessoria de imprensa da SMS, os projetos de abertura da policlínica cirúrgica e de fusão das maternidades Herculano Pinheiro e Alexander Flemining “foram cuidadosamente pensados a fim de garantir que não haverá perdas para a assistência materna na região”. Ainda segundo a assessoria, o objetivo “é tornar a rede de maternidades do município mais eficientes”. A data para transferência do atendimento das unidades ainda não foi definida.

O Hospital Maternidade Herculano Pinheiro realiza, em média, 300 partos e 1400 atendimentos por mês. A unidade é localizada na avenida Edgar Romero, com acesso facilitado as estações de trem e do BRT, isso faz com que atenda não só a população de Madureira, mas também de mais de 10 comunidades do entorno e outros bairros mais afastados. 

“Quando estávamos na manifestação, chegou uma mulher para ser atendida já próxima aos oito meses de gestação, vindo de Taquara. Ela não foi atendida e a única orientação que os funcionários puderam dar foi de que ela voltasse ao posto de saúde de Taquara para ver onde poderia ser atendida. Ou seja, nem sequer o manejo direto ao Alexandre Fleming está sendo feito”, conta Firmino.

O Hospital Maternidade Herculano Pinheiro, além de referência em parto humanizado, é pioneiro na presença de Doulas no atendimento de gestantes no Rio de Janeiro. A unidade também é referência pediátrica na região. A notícia de seu fechamento foi dada na semana que antecede o 28 de maio, Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna.

Edição: Mariana Pitasse | Redação: Flora Castro | Entrevista: Denise Viola