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Comida é direito, transporte público de qualidade também

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Não é fácil de deslocar no Recife e em sua Região Metropolitana, principalmente quem usa ônibus
Não é fácil de deslocar no Recife e em sua Região Metropolitana, principalmente quem usa ônibus - Agência Brasil
Está cada vez mais difícil e caro se locomover na cidade

Aqui a gente se propõe a falar de comida, em especial comida de rua, a que mais me encanta e me seduz. Para mim é fácil, passo na rua e já quero tudo que sinto o cheiro. Estar em Recife, então, me causa muitos desejos. Somos uma cidade de muitos trabalhadores e trabalhadoras informais, em especial no comércio de rua, os camelôs. A comida é mais um dos produtos oferecidos nas calçadas.

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Caminho sempre e muito pelo centro da cidade, e percebo que quanto mais aumenta o desemprego mais a informalidade cresce e mais tipos de comida temos à nossa disposição sendo vendida. Temos uma população corajosa para o trabalho e de muita criatividade. Já foi em alguma praia do Recife? Não pode tomar banho, pelos alertas de ataques de tubarão, mas tem uma diversidade estratosférica de comida. Uma maravilha! Mas e o que tem haver mobilidade urbana com comida de rua? Uma quase que uma não existe sem a outra.

Você nem pode acessar a diversidade que Recife, ou qualquer outra cidade, tem na culinária se você não tem como se deslocar. Assim como quem faz as comidas não podem chegar a nós consumidores se não tem transporte. Você já pensou sobre isso? Eu tenho pensando cada vez mais, principalmente porque avalio que o transporte público na cidade tem piorado.

Em tempos de forte discussão sobre mobilidade, em todo o mundo, não é fácil de deslocar no Recife e em sua Região Metropolitana, principalmente quem usa ônibus. Minhas memórias de infância me levavam direto de casa, num bairro de periferia da Zona Oeste, até o centro. Ele demorava, era sempre lotado, a gente se espremia, em época de chuva era pior. A gente sofria, mas pegava um ônibus só, pois já tínhamos a Avenida Caxangá com um corredor exclusivo. Há uns anos temos o BRT, apresentado pelo estado como algo que ia melhorar esse deslocamento, com uma integração de linhas, mas que não consegue atender à demanda existente, e que demora muito mais para chegar ao centro.
Está cada vez mais difícil e caro se locomover na cidade e mais ainda para os trabalhadores e trabalhadoras que se movem com toda a estrutura pra nos oferecer aquele churrasquinho na rua. Comida é direito. Transporte público de qualidade também.

Edição: Monyse Ravena