Minas Gerais

Abastecimento

BH e Região Metropolitana podem ficar sem água por causa do crime da Vale

Água do reservatório Rio Manso só é suficiente para suprir interrupção de captação no Rio Paraopeba por mais 18 meses

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Desde o rompimento da barragem em Brumadinho, no dia 25/01, o abastecimento local está interrompido, já que o rio foi atingido pela lama
Desde o rompimento da barragem em Brumadinho, no dia 25/01, o abastecimento local está interrompido, já que o rio foi atingido pela lama - Lu Sudré

Integrantes da CPI das Águas e Barragens da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte realizaram, nesta terça-feira (26), uma visita técnica ao ponto de captação de água da Copasa no Rio Paraopeba. Desde o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro, o abastecimento no local está interrompido, já que o rio foi atingido pelos rejeitos da lama.

A captação é responsável pelo abastecimento de água de quase 30% da capital mineira e 51% da região metropolitana. Após dois meses de interrupção, a situação do sistema de abastecimento da RMBH é grave. A quantidade de água nos reservatórios só é suficiente para o abastecimento durante os próximos 18 meses. É o que afirma a vereadora Bella Gonçalves (PSOL), que é integrante da CPI e esteve no local “Depois disso vamos viver uma crise no abastecimento, principalmente na região Sul e Oeste.São bairros inteiros de Belo Horizonte que podem ficar sem água” alerta.

A estrutura de captação de água da Copasa foi construída em 2015 para sanar a crise hídrica pela qual passava a capital mineira. A obra custou aos cofres públicos R$ 128 milhões e extraía cerca de 5 mil litros de água por segundo. O volume captado era encaminhado ao Sistema Paraopeba, responsável pelo abastecimento de água para mais de dois milhões de pessoas em BH e na região metropolitana.

Na opinião do vereador Gilson Reis (PCdoB), integrante da Comissão de Meio Ambiente, a Vale deve ser responsabilizada por qualquer prejuízo à capital mineira. “O Estado fez essa obra de captação de água que agora está completamente inutilizada. A Vale tem que pagar por isso, porque foi um investimento do povo”, afirma.

Além da captação de água no Rio Paraopeba, outra situação que é questionada pela CPI das barragens é a segurança do Rio Das Velhas. Após a contaminação do Paraopeba, o manancial é a principal fonte de abastecimento da RMBH e também pode estar em alerta.

“Estamos preocupados com o risco de algum rompimento de barragem no Rio das Velhas porque, se isso acontecer, Belo Horizonte vai ter seu abastecimento imediatamente colapsado, isso é muito grave”, ressalta a vereadora Bella Gonçalves.

CPI das Barragens entrega balanço sobre investigações

Está prevista para esta quarta-feira (27) uma audiência pública na qual será entregue um balanço das investigações dos vereadores de BH sobre os impactos dos 60 dias do crime da Vale em Brumadinho. Além de apresentar os resultados das pesquisas realizadas pela comissão, também serão debatidas as condições e os riscos de rompimento de barragens de rejeitos de mineração no entorno da Capital. O encontro será realizado às 18h30, no Auditório da Faculdade de Direito da UFMG, na Avenida João Pinheiro, n° 100, Centro.

Edição: Joana Tavares