Rio de Janeiro

JUSTIÇA

Debate sobre o assassinato de Marielle e Anderson marca 11 meses do crime, no Rio

Discussão sediada na Casa Pública teve como convidados a deputada Mônica Francisco e o jornalista Sérgio Ramalho

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes completou 11 meses na última quinta-feira (14)
O assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes completou 11 meses na última quinta-feira (14) - Pablo Vergara

Na quinta-feira (14), dia em que o assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes completa 11 meses, a Casa Pública realizou um encontro no Rio de Janeiro com a deputada estadual e ex-assessora de Marielle, Mônica Francisco (Psol), e o jornalista investigativo Sérgio Ramalho para tratar sobre o crime político.

O encontro, que encheu a Casa, localizada no bairro de Botafogo, na zona Sul do Rio, trouxe à tona uma conversa sobre a investigação do caso e sobre a expansão das milícias no estado do Rio de Janeiro. Ramalho, que atualmente atua no portal The Intercept e fez uma minuciosa reportagem sobre a milícia, destacou a trajetória dos grupos paramilitares no Rio e a relação que foi estabelecida em toda a estrutura social.

“A milícia é uma sofisticação dos grupos de extermínio da baixada fluminense que atuavam nas periferias, principalmente, em áreas abandonadas pelo Estado. Esses grupos começaram a ver uma possibilidade de se expandir e entrar na política”, disse em sua fala. 

Já a deputada Mônica Francisco reiterou o caráter miliciano do estado do Rio e o problema estrutural da sociedade brasileira que é violenta em sua essência. “Vivemos numa sociedade que aplaude a violência. Temos que nos rever enquanto sociedade. Estamos numa crise democrática muito grande e caminhamos para a militarização da vida”, destacou.

Ramalho explicou ainda sobre o processo de investigação do caso de Marielle. Segundo ele, o inquérito possui 18 volumes e segue não respondendo a pergunta principal: "Quem matou Marielle?". O jornalista destacou que há falta de transparência dos órgãos que conduzem a investigação.

Mônica, por fim, ressaltou que o assassinato da vereadora traz também o debate sobre a criminalização dos defensores de direitos humanos e o quão vulnerável os movimentos sociais estão neste momento. “Defender direitos humanos se traduz como crime atualmente. Isso acende uma luz vermelha, chama a atenção, principalmente para essa crise civilizatória que estamos vivendo”, concluiu a deputada.

Edição: Mariana Pitasse