Investigação

A "mamata" do jovem Flávio Bolsonaro: 3 ocupações em DF e RJ, com 13 mil de salário

Filho de Bolsonaro acumulava funções de dedicação presencial em duas cidades, incluindo cargo comissionado na Câmara

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Então com 19 anos, Flávio recebia equivalente à R$ 13 mil em verbas públicas
Então com 19 anos, Flávio recebia equivalente à R$ 13 mil em verbas públicas - Blog Família Bolsonaro/Reprodução

Uma reportagem publicada nesta quarta-feira (23) pela BBC Brasil revelou um esquema que rendeu a Flávio Bolsonaro (PSL), entre 2000 e 2002, com 19 anos à época, o equivalente a R$ 162.132,81 por ano, em valores reajustados, ou R$ 13,5 mil por mês.

O filho de Bolsonaro acumulava então uma matrícula na faculdade Cândido Mendes, no centro do Rio de Janeiro, em Direito, onde se formou, um vínculo voluntário de estágio na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e um cargo comissionado de 40 horas semanais na Câmara dos Deputados (DF), que demandava acompanhamento presencial.

Indicado pelo PPB, depois chamado de PP e atualmente Progressistas, partido do então presidente e pelo qual Flávio se elegeu em 2002, a função é paga com recursos públicos do orçamento da Câmara dos Deputados e tem 15 atribuições previstas em lei, que vão de elaborar pareceres, até acompanhar as sessões e decisões do Chefe de Gabinete.

Outros familiares de Bolsonaro, que se elegeu com promessas de combater a "mamata", também tiveram cargos pagos com dinheiro público ao longo das três décadas em que atuou como deputado federal.

Proibida em 2008, a contratação de parentes para cargos de Comissão foi amplamente usada pelo presidente e seus correligionários, inclusive em casos de nepotismo cruzado, quando um político contrata os parentes dos outros.

Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro, por exemplo, ocupou o mesmo cargo  (assistente técnico de gabinete) de Flávio entre 1998 e 2000. Seu pai, sua mãe, sua irmã e seu irmão também tiveram cargos no gabinete do deputado Jair Bolsonaro. Segundo afirmou ao jornal O Globo, não configura nepotismo porque “eles não eram mais casados”.

Tanto Flávio como Jair não responderam as perguntas da reportagem da BBC.

Confira a íntegra da investigação e os documentos que comprovam a irregularidade na reportagem da BBC.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira