Com estratégias baseadas em desinformação e notícias falsas (fake news) para promover internacionalmente um movimento conservador autoritário e de extrema-direita, Steve Bannon, conhecido por articular a campanha do presidente Donald Trump, citou o candidato Jair Bolsonaro (PSL) como parte de seu projeto.
Na Europa, onde Bannon vem tentando dar força aos movimentos nacionalistas e de estímulo da violência contra imigrantes, contra negros, mulheres e a população LGBT, diversos países estão agindo para interromper a onda conservadora do ex-estrategista de Trump.
Mas no Brasil a Justiça Eleitoral demorou para agir e falhou na tentativa de impedir a disseminação de mentiras durante a campanha eleitoral contra o candidato Fernando Hadad (PT). Às vésperas do segundo turno, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) perdeu o controle sobre o processo e se omitiu em casos graves.
Na última segunda-feira (15), o ministro Luís Felipe Salomão, do TSE, negou um pedido para que fosse retirado do ar mais um dos ataques envolvendo mentiras sobre o candidato do PT. Num deles, o escritor Olavo de Carvalho afirma que “Haddad sugere que os meninos comam suas mães”.
A gravidade da avalanche de mentiras veiculadas principalmente no WhatsApp contra Haddad por articuladores ligados a Bolsonaro levou o jornal estadunidense “The New York Times” a publicar nesta quarta-feira (17) um artigo do analista político Pablo Ortellado.
No artigo, Ortellado, que é professor da USP, solicita à empresa WhatsApp uma série de medidas para reduzir os danos causados pela disseminação de notícias falsas nas eleições brasileiras. Segundo o analista, a redução do número de mensagens encaminhadas foi tomada na Índia pelo WhatsApp logo após uma série de linchamentos causados por boatos difundidos no aplicativo.
No dia seguinte, quinta-feira (18), o jornal "Folha de S.Paulo" denunciou uma rede de empresas de tecnologia e informática que estavam sendo pagas por empresários ligados a Bolsonaro para disparar mensagens contra Haddad e inventar fatos contra o candidato do PT.
Bannon é responsável por maior escândalo na internet
A presença de Steve Bannon na campanha de Bolsonaro contra Haddad foi admitida pelo filho do candidato do PSL, o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Em agosto, o deputado esteve em Nova York e publicou nas redes sociais foto de seu encontro com Bannon, afirmando que ele havia se comprometido a colaborar na campanha.
Com um site de ideias que flertam com machismo, xenofobia e outras características fascistas, Bannon contratou uma empresa chamada Cambridge Analytica para roubar dados privados de milhões de contas em perfis do Facebook. O caso se tornou um dos maiores escândalos da internet e a empresa se tornou alvo de investigações em diversos países.
Apesar da extinção da Cambridge Analytica, Steve Bannon segue com seu grupo O Movimento, que já deu a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos baseado em mentiras. O próximo passo do estrategista contra as democracias é o Brasil.
Edição: Mariana Pitasse