MULHERES

Mulheres protestam no parque gráfico da Globo no Rio

Em ato do 8 de março, movimentos populares denunciam golpe e reivindicam eleições livres

Rio de Janeiro (RJ) |

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Mulheres de diversos movimentos sociais ocupam parque gráfico do O Globo na baixada Fluminense
Mulheres de diversos movimentos sociais ocupam parque gráfico do O Globo na baixada Fluminense - Levante Popular da Juventude

Cerca de 800 mulheres de diversos movimentos populares realizaram, na manhã desta quinta-feira (8), um protesto no parque gráfico das organizações Globo no Rio de Janeiro (RJ). Elas denunciam o papel da imprensa no golpe de Estado instaurado em 2016 e reivindicam a garantia de eleições livres e democráticas.

Por volta das 5h30, as mulheres chegaram no local em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde estenderam uma enorme faixa com os dizeres: “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição”.

O protesto foi organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Para Ana Carolina Silva, integrante do Levante Popular da Juventude, as empresas de comunicação — ao contrário dos sistemas político e judiciário, que também tiveram participação direta no golpe — não estão sendo associadas a este processo.

“Para nós, a mídia, principalmente na figura da Rede Globo, representa um inimigo que sai extremamente ileso, inclusive porque controla a informação, faz a disputa ideológica e que hoje é um partido político na condução do golpe”, explicou a militante.

Eleições democráticas

A ação, que ocorre dois dias após o Supremo Tribunal de Justiça rejeitar o pedido de habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também denuncia a tentativa de fraude nas eleições deste ano.

A avaliação dos movimentos populares é que o conglomerado de comunicação tem contribuído com o esforço de impedir a candidatura do petista, como afirma Maria Gomes de Oliveira, da coordenação nacional do MST.

“As mulheres são contra a intervenção militar que está acontecendo aqui no Rio, são contra todas reformas colocadas pelo governo, assumimos o protagonismo das outras nesse 8 de março para denunciar toda essa sujeira. A ilegalidade do julgamento do Lula, a globo também está construindo esse discurso para impedir que aconteçam as eleições”, disse.

Além de pendurarem faixas em uma das passarelas da Rodovia Washington Luís, as mulheres também picharam “Globo golpista” em diversos locais do edifício.

O parque gráfico do grupo Globo é o maior da América Latina, mas opera com menos de 50% da sua capacidade produtiva. A construção no valor de R$ 217 milhões foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Jornada de Lutas

A ação desta quinta faz parte das manifestações que marcam o Dia Internacional de Luta das Mulheres e também integra a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra.

Desde 2006, quando foi realizada uma intervenção na empresa Aracruz, no Rio Grande do Sul, o movimento de mulheres do MST protagoniza ações de enfrentamento na semana do 8 de março.

Na manhã desta quarta-feira (7), o MST ocupou a Fazenda Esmeralda, entre Lucianópolis e Duartina em São Paulo, cuja posse é relacionada ao presidente golpista Michel Temer (MDB) em delações do inquérito que investiga MP dos Portos.

No ano passado, as sem-terra ocuparam, em Minas Gerais, terras de Eike Batista — o Acampamento Maria da Conceição completa um ano com produção agroecológica — e paralisaram o complexo industrial da empresa Vale Fertilizantes, em Cubatão (SP), para denunciar a dívida da mineradora com a Previdência.

Edição: Vivian Virissimo