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Em Petrópolis (RJ), comunidade luta para manter funcionando escola após desastre

Defesa Civil interditou 50 residências que ficam próximas a área do desabamento e também a Escola Leonardo Boff

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Uma cratera com cerca de sete metros de profundidade abriu-se ao lado da pista da BR 040 (Petrópolis-Rio de Janeiro)
Uma cratera com cerca de sete metros de profundidade abriu-se ao lado da pista da BR 040 (Petrópolis-Rio de Janeiro) - Divulgação

A manhã da última terça-feira (7) foi marcada por uma tragédia na comunidade do Contorno, localizada na cidade de Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janeiro. Uma cratera com cerca de sete metros de profundidade abriu-se ao lado da pista da BR 040 (Petrópolis-Rio de Janeiro) e causou o desmoronamento de casas. A Defesa Civil do município interditou outras 50 residências que ficam próximas a área do desabamento e também a Escola Municipal Leonardo Boff.

As causas da abertura do buraco ainda estão sendo investigadas, mas já é possível afirmar que há ligação da abertura da cratera com as obras relativas à Nova Subida da Serra (NSS) que foram iniciadas em 2013 e paralisadas em 2016 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) devido ao desequilíbrio econômico-financeiro no contrato de concessão firmado pela Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora – Rio de Janeiro (Concer) e a União.

Por baixo da comunidade do Contorno, a Concer estava construindo o túnel de cinco quilômetros de comprimento, como parte das obras de duplicação da pista da BR 040. Desde o início do empreendimento os moradores do bairro já denunciavam que as implosões para construir o túnel estavam causando impactos no solo.

A Comunidade do Contorno tem uma trajetória de resistência. Há anos os moradores lutam pelo direito à moradia digna e pela permanência da Escola Municipal Leonardo Boff no bairro, que foi idealizada e construída pela própria comunidade no final da década de 80.

A escola atende hoje 72 crianças desde o Ensino Infantil até o Fundamental. A unidade foi fechada por tempo indeterminado após o desastre. A diretora da escola e moradora do Contorno, Angélica Proença, conta à Pulsar Brasil que neste primeiro momento a comunidade se organizou para exigir o compromisso da Concer em atender os atingidos e também  a  escola. A diretora explica que após as negociações ficou definido que a Concer irá arcar com o aluguel de um espaço para que a escola volte a funcionar. Segundo ela é fundamental manter os alunos unidos para garantir o trabalho pedagógico da unidade.

Em nota divulgada pela Concessionária, a empresa se compromete a assumir o aluguel de um novo espaço para a escola e também o fornecimento de alimentos para os alunos. Além disso, a Concer irá arcar com o auxílio-moradia no valor de mil reais para os atingidos, o fornecimento de cestas básicas e kits de higiene pessoal.

Angélica destaca que a comunidade ainda está muito abalada com o desastre e que a sensação de insegurança dos moradores é grande. Contudo, apesar de todas as dificuldades, a diretora afirma  que a união dos moradores e a esperança no olhar das crianças que estudam na escola são as principais motivações para lutar em defesa do Contorno.

A escola está recebendo doações de material de limpeza e material escolar (papel ofício, lápis de cor). Os itens podem ser entregues na ONG Aldeia da Criança, localizada na Estrada do Contorno, em Petrópolis.

Edição: Agência Pulsar