Rio de Janeiro

THELMA MARIA BASTOS | PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA (PCO)

Eleições Rio: ‘Política do PMDB é apertar o cinto do trabalhador’, diz Thelma, do PCO

Para Thelma Maria Bastos, sua campanha é um instrumento de luta contra o golpe

Rio de Janeiro (RJ) |
Thelma: "Queremos mobilizar as pessoas na luta contra o golpe, por meio de uma greve geral"
Thelma: "Queremos mobilizar as pessoas na luta contra o golpe, por meio de uma greve geral" - Divulgação

Pela segunda vez, a professora Thelma Maria Bastos é candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo Partido da Causa Operária (PCO). Natural de Brasília e formada em pedagogia, Thelma Maria é funcionária pública e militante do movimento sindical. Com 40 anos, já concorreu como deputada federal pelo Rio e também se candidatou a governadora do estado, em 2006. Ao Brasil de Fato, Thelma Maria afirmou que sua candidatura tem como objetivo mobilizar os trabalhadores para uma greve geral contra o golpe.

Brasil de Fato - Qual será o maior desafio ao assumir a Prefeitura do Rio de Janeiro, que mostra indícios claros de ter quebrado após oito anos de governo PMDB?

Thelma Maria Bastos - O que vemos acontecer no Rio nada mais é do que a proposta que o PMDB tem para o país: uma “quebradeira” geral. A política do PMDB é apertar o cinto do trabalhador para continuar assegurando verbas para as empresas privadas que garantem suas candidaturas. A nossa campanha é um instrumento de luta contra o processo golpista. Estamos propondo a organização dos trabalhadores contra os golpistas que tomaram conta do Brasil por meio de um processo que não respeita a vontade da população. Queremos mobilizar as pessoas nessa luta, por meio de uma greve geral. Mas não queremos novas eleições diretas, porque serão a legitimação do golpe. Queremos a volta de Dilma Rousseff.

Brasil de Fato - Como o golpe de estado, consumado no país, interfere nas eleições e na política municipal?

As eleições são um jogo de cartas marcadas, organizadas pelos partidos e instituições que quebraram o regime democrático que existia no país. A tendência agora é o aprofundamento do golpe, com a perseguição aos partidos de esquerda e aos sindicatos, além da retirada dos avanços sociais conquistados nos últimos anos. Podemos ver que o processo eleitoral está totalmente comprometido, já que esse ano temos um tempo menor de duração das eleições, além da balela da proibição do financiamento privado das campanhas. Quem não tem financiamento é a nossa candidatura, os grandes partidos continuam a receber dinheiro dos empresários por meio de cartões de crédito corporativos. Para piorar, a mídia golpista não garante um debate justo, que inclua os partidos de esquerda.

Brasil de Fato: A falta de espaços para a mídia pública e comunitária agrava esse processo. Se eleita, o que pretende fazer com o Canal da Cidadania que o prefeito Eduardo Paes reprimiu em sua gestão?

Precisamos ampliar e garantir uma mídia que não esteja nas mãos dos golpistas. Eles têm o controle quase exclusivo da comunicação no país. Vale lembrar que não podemos diferenciar a política do Paes e a política de Temer. Eles são a mesma coisa. E Temer está atacando a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que é a nossa comunicação pública. Por isso, precisamos continuar lutando contra o monopólio das comunicações. Estamos muito restritos a poucos canais democráticos no Brasil e no Rio de Janeiro.

Brasil de Fato - E quanto à saúde pública, que foi apontada por 46% dos cariocas, em pesquisa produzida pelo Datafolha, como o principal problema enfrentado na cidade?

O problema da saúde é o desvio de verba. Boa parte do dinheiro público serve hoje para financiar as empresas que ganham com saúde privada, como os planos de saúde. Precisamos garantir que o financiamento público seja para a saúde pública.

Brasil de Fato - Como avalia as verbas destinadas pela Prefeitura do Rio à educação? Qual sua análise sobre as limitações conservadoras em torno da educação pública?

Há um avanço das forças de direita muito grande no país e o Rio é uma das cidades que está no olho do furacão golpista. A “Lei da Mordaça”, que impede a discussão política nas escolas, está sendo esquematizada e é um exemplo claro dessa nova realidade. Quanto às verbas da educação, estão vinculadas diretamente à qualidade da educação pública. Precisamos ter no máximo 17 alunos por sala de aula e para isso é necessário investimento. Também defendemos o salário mínimo de R$ 5 mil para os professores. Mas só vamos conseguir essas melhorias por meio das mobilizações. Temos que continuar a luta contra o desvio da verba pública, as terceirizações e as organizações sociais na educação. 

Brasil de Fato - Entre 2009 e 2015, mais de 77 mil pessoas foram removidas de suas casas pela Prefeitura do Rio. O que tem a dizer sobre a questão da moradia no Rio?

A prefeitura promove as remoções porque está sendo financiada pela especulação imobiliária. Temos que pensar em primeiro lugar que a terra é da população. Não podemos aceitar que a prefeitura golpista retire as famílias trabalhadoras da cidade. O Rio de Janeiro nasceu das ocupações. Se ocupou é porque está vago, se está vago é porque pode ocupar.

Brasil de Fato - Sobre a segurança pública, uma constante preocupação dos cariocas, como pode ser tratada sem que aumente a repressão nas favelas e periferias?

O interesse da atual prefeitura é reprimir a população pobre, carente e trabalhadora. O negro é a principal mira dessa política. Por isso, nós lutamos pelo fim da Polícia Militar. Queremos uma polícia que seja defensora do povo e, portanto, que seja gerida de forma comunitária e eleita pela população. Se continuar no controle do estado, eleito pelo setor financeiro, estará a serviço dos interesses deles, e não dos nossos.

Brasil de Fato - No Rio, não temos um sistema de transporte que atenda aos moradores de todas as regiões. Como enxerga o papel da prefeitura para melhorar a mobilidade urbana?

Primeiro precisamos instituir o passe livre para estudantes e idosos. Depois teríamos que garantir o passe livre para toda a população. O transporte é um instrumento de arrecadação de grandes empresas. Temos que romper com esse laço e estatizar a mobilidade pública para garantir um serviço de qualidade para todos.

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