Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA

Após assassinato, UFRJ vai instalar 17 câmeras de segurança

O corpo de Diego Machado foi encontrado com marcas de luta às margens da Baía de Guanabara

do Rio de Janeiro (RJ) |
Morte de Diego está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital
Morte de Diego está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital - Reprodução Internet

A Polícia Militar está investigando as circunstâncias do assassinato do estudante Diego Machado, encontrado morto no campus do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Amigos e familiares de Diego acreditam que se trata de um crime de ódio, já que o rapaz era gay e negro. A UFRJ prevê até o final desta semana a conclusão da instalação de 17 câmeras de segurança na área do alojamento estudantil.

Segundo informações da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), Diego foi encontrado morto no sábado (2) às margens da Baía de Guanabara, na Ilha do Fundão, próximo ao alojamento de estudantes em que morava. Relatos de colegas, que encontraram o corpo antes da polícia, acrescentam que ele estava com marcas de luta e sem as calças.

Diego saiu de Belém, no Pará, onde nasceu, para estudar no Rio e completaria 31 anos no próximo mês. Estava matriculado no curso de Letras, mas pensava em pedir transferência para Comunicação Social. Seu sepultamento, ainda sem data prevista, será em Belém, onde moram seus familiares, e os procedimentos para o transporte do corpo estão sendo realizados pela UFRJ.

“No sábado pela manhã nos falamos por whatsapp e ele disse que ia correr. No final da tarde uma pessoa falou que tinham encontrado um corpo e que achava que era o Diego. Não consegui reconhecê-lo, outra pessoa teve que fazer isso”, conta Pérola Gonçalves, 22 anos, estudante e amiga próxima de Diego.

Segundo comentários de estudantes da UFRJ, grupos fascistas atuam há algum tempo na universidade ameaçando alunos, professores, servidores com comentários racistas e homofóbicos, além de deixar recados nos banheiros, como "Morte aos gays da UFRJ". Um e-mail também foi enviado no final de maio a alguns estudantes que recebem a bolsa permanência - distribuída entre os mais pobres para que consigam se manter na universidade.

A mensagem de ódio, assinada pela Juventude Revolucionária Liberal Brasileira, diz que começará a corrigir “um certo aluno, que se diz minoria e oprimido por ser homossexual". Após o assassinato, muitos acreditam que a ameaça estava direcionada a Diego. Pérola, porém, afirmou que ele não recebeu a mensagem. A reitoria da UFRJ garantiu que está apurando informações e solicitará apoio da Polícia Federal para identificação dos autores.

“O e-mail continha mensagem de ódio que temos que discutir, mas não foram todos os bolsistas que receberam. Diego era preto, pobre, LGBT, nortista, com transtorno de personalidade e, como todas as pessoas em situação de vulnerabilidade social, corria risco. Ele se sentia ameaçado pelo que era e, por isso, treinava defesa pessoal”, complementa a amiga.

Em nota, a reitoria da universidade disse ainda que pediu uma audiência com o secretário José Beltrame para agilizar as investigações. O Diretório Central dos Estudantes (DCE), por sua vez, convocou uma manifestação por mais segurança e menos ódio na universidade. O ato, que aconteceria na segunda-feira (4), foi cancelado a pedidos de amigos próximos a Diego.

“Ele era uma pessoa querida que deixou outras pessoas sentindo muito a falta dele. Acredito que as decisões políticas não precisam acontecer no dia seguinte.  É necessário marchar, e eu estarei nas protestos, mas acho que isso pode esperar um pouco para que a gente possa chorar”, concluiu emocionada a amiga, Pérola.

 

 

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