Rio de Janeiro

PANDEMIA

Relatório da Alerj aponta despreparo das escolas estaduais do RJ na volta às aulas presenciais

Mesmo com avanço da variante Delta da covid, governador autorizou retorno das aulas nos municípios

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Comissão da Alerj visitou 98 unidades de ensino, em 33 municípios, e concluiu que o cenário coloca em risco a saúde de estudantes, professores e funcionários na volta às aulas - Foto: Giorgia Prates

As escolas da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, que já voltaram às aulas em modelo híbrido (presencial e remoto), têm dificuldades para cumprir protocolos sanitários de combate ao coronavírus. É o que diz um relatório elaborado pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) entregue à Secretaria estadual de Educação (Seeduc) na última quinta-feira (12).

Apesar dos riscos com a disseminação de uma nova cepa do coronavírus, a variante Delta, que já corresponde à mais da metade dos casos analisados na capital fluminense, o governador Cláudio Castro (PSC) autorizou que as escolas de todos os municípios retomem nesta segunda-feira (16) as aulas presenciais nas escolas.

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A comissão da Alerj visitou 98 unidades de ensino, em 33 municípios, e concluiu que o cenário coloca em risco a saúde de estudantes, professores e funcionários na volta às aulas. O estudo aponta que faltam funcionários para aferir as temperaturas e a limpeza das salas de aula entre os turnos.

Grande parte dos locais visitados conta com duas ou mais entradas, o que ajuda a manter o distanciamento, mas apenas 11,7% das unidades escolares estavam com os dois portões abertos, justamente pela falta de funcionários de apoio. Algumas das escolas não possuem ventilação adequada, pois as janelas são lacradas. O problema da circulação de ar também é verificado em 46,4% das salas dos professores.

"A imunização completa dos profissionais de educação é uma esperança para diminuição do risco de contágio nas escolas, mas precisa vir acompanhada de mudanças nas condições dos espaços físicos", disse o presidente da comissão, deputado Flávio Serafini (Psol).

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Segundo a Comissão, é preciso um programa de inclusão digital eficiente, com a distribuição de material e acesso à internet; redução do número de alunos por turmas para assegurar menores chances de contaminação; recomposição das equipes pedagógicas e a elaboração de uma estrutura de rastreamento, em parceria com a Secretaria de Saúde, dos casos suspeitos de covid.

O documento, divulgado pela Alerj, chama a atenção para a necessidade de construção de novas unidades, já que algumas funcionam em regime de convênio com o município e em prédios alugados, o que torna mais difícil adequar o sistema de ventilação.

O estudo sugere a criação de um comitê científico para debater a volta às aulas, com abertura de um canal para acolher denúncias e preocupações, além da produção de uma proposta de planejamento à Seeduc de pontos urgentes na agenda das escolas.

O deputado Flávio Serafini informou que até o fim de agosto será marcada uma audiência pública com a presença do secretário estadual de Educação para que a pasta possa apresentar o que fez em relação às questões indicadas pela comissão nesse estudo.

Edição: Eduardo Miranda